Página 365 - O Desejado de Todas as Na

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A previsão da cruz
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através de agonias e humilhações. O discípulo recuava da comunhão
com o Senhor nos sofrimentos. Mas no ardor da fornalha havia
ele de descobrir-lhe as bênçãos. Muito tempo depois, quando sua
figura ativa se achava curvada ao peso dos anos e labores, escreveu:
“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos
tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no
fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também
na revelação da Sua glória vos regozijeis e alegreis”.
1 Pedro 4:12,
13
.
Jesus explicou então aos discípulos que Sua própria vida de ab-
negação era um exemplo do que a deles deveria ser. Chamando para
junto de Si os discípulos e o povo que O estivera rodeando, disse:
“Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre
si a sua cruz, e siga-Me”.
Mateus 16:24
. A cruz estava associada
ao poder de Roma. Era o instrumento da mais cruel e humilhante
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forma de morte. Exigia-se dos mais vis criminosos que levassem a
cruz ao lugar da execução; e muitas vezes, quando lhe iam colocar
nos ombros, resistiam com desesperada violência, até que fossem
subjugados e o instrumento de tortura sobre eles posto. Mas Jesus
pedia a Seus seguidores que tomassem a cruz e a conduzissem após
Ele. Para os discípulos, Suas palavras, conquanto imperfeitamente
compreendidas, indicavam que se deviam submeter à mais profunda
humilhação — submeter-se mesmo à morte por amor de Cristo. Ne-
nhuma entrega mais completa poderiam haver expresso as palavras
do Salvador. Mas tudo isto aceitara por eles. Jesus não reputou o
Céu um lugar desejável, enquanto nos achávamos perdidos. Dei-
xou as cortes celestes por uma vida de vitupério e insultos, e uma
ignominiosa morte. Aquele que era rico nos apreciáveis tesouros
celestes, tornou-Se pobre, a fim de, pela Sua pobreza, nos tornarmos
ricos. Cumpre-nos seguir a vereda por Ele trilhada.
Amor às pessoas por que Cristo morreu, significa a crucifixão
do próprio eu. Aquele que é filho de Deus deve, daí em diante,
considerar-se um elo na cadeia baixada para salvar o mundo, um
com Cristo em Seu plano de misericórdia, indo com Ele em busca
dos perdidos para os salvar. O cristão deve sempre ter presente que
se consagrou a Deus, e que seu caráter deve revelar Cristo perante o
mundo. O espírito de sacrifício, a simpatia, o amor manifestados na
vida de Cristo, devem reaparecer na existência do obreiro de Deus.