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O Desejado de Todas as Nações
“Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas qualquer
que perder a sua vida por amor de Mim e do evangelho, esse a sal-
vará”.
Mateus 16:25
. Egoísmo é morte. Nenhum órgão do corpo
poderia viver, se limitasse a si próprio os seus serviços. O coração,
deixando de enviar o sangue vital à mão e à cabeça, perderia ra-
pidamente a força. Como nosso sangue, assim é o amor de Cristo
difundido por toda parte através de Seu corpo místico. Somos mem-
bros uns dos outros, e a alma que se recusa a dar perecerá. E “que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro”, disse Jesus, “se perder
a sua alma? ou que dará o homem em recompensa de sua alma?”
Mateus 16:26
.
Para além da pobreza e humilhação do presente, apontava Ele
aos discípulos Sua vinda em glória, não no esplendor de um trono
terrestre, mas com a glória de Deus e as hostes do Céu. E então, disse
Ele, “dará a cada um segundo as suas obras”. E, para animá-los, fez a
promessa: “Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão,
que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no Seu
reino”.
Mateus 16:27, 28
. Mas os discípulos não compreenderam
Suas palavras. A glória parecia muito distante. Tinham os olhos fixos
na visão mais próxima — a vida terrena de pobreza, humilhação
e sofrimento. Deverá ser abandonada sua brilhante expectativa do
reino do Messias? Não deveriam eles ver seu Senhor exaltado ao
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trono de Davi? Seria possível que Cristo devesse viver como humilde
peregrino, sem lar, devendo ser desprezado, rejeitado e condenado
à morte? O coração confrangeu-se-lhes de tristeza, pois amavam
o Mestre. Também a dúvida lhes assaltava o espírito, pois parecia
incompreensível que o Filho de Deus houvesse de estar sujeito a tão
cruel humilhação. Cogitavam por que haveria Ele de ir a Jerusalém
enfrentar o tratamento que lhes dissera havia de receber ali. Como
Se poderia resignar a tal sorte, e deixá-los entregues a uma treva
mais densa que aquela em que tateavam antes que Se lhes revelasse?
Na região de Cesaréia de Filipe, raciocinavam os discípulos,
Cristo Se achava fora do alcance de Herodes e Caifás. Nada tinha
a temer do ódio dos judeus, nem do poder dos romanos. Por que
não trabalhar ali, a distância dos fariseus? Por que necessitaria de Se
entregar à morte? Se Lhe cumpria morrer, então como era que Seu
reino se devia estabelecer tão firmemente que as portas do inferno