Página 371 - O Desejado de Todas as Na

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A transfiguração
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Terra. A lembrança de seu temor e decepção, querem eles banir para
sempre. Ali, onde se revela a glória de Deus, desejam demorar-se.
Pedro exclama: “Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos
três cabanas, uma para Ti, outra para Moisés, e outra para Elias.” Os
discípulos estão confiantes que Moisés e Elias foram enviados para
proteger seu Mestre, e estabelecer-Lhe a autoridade de rei.
Antes da coroa, no entanto, é preciso que venha a cruz. Não
a consagração de Cristo como rei, mas a morte a verificar-se em
Jerusalém, é objeto da conferência deles com Jesus. Levando a
fraqueza da humanidade e oprimido com a dor e o pecado da mesma,
andava Jesus, sozinho, por entre os homens. À medida que sobre
Ele se adensavam as trevas da vindoura provação, Seu espírito se
sentia isolado, num mundo que O não conhecia. Mesmo os Seus
amados discípulos, absorvidos com sua própria dúvida, pesares e
ambiciosas esperanças, não tinham compreendido o mistério de
Sua missão. Ele vivera na comunhão e no amor do Céu; no mundo
que Ele próprio criara, no entanto, encontrava-Se solitário. Então
enviara o Céu seus mensageiros a Jesus; não anjos, mas homens que
suportaram sofrimentos e tristezas, e estavam aptos a sentir com o
Salvador na prova de Sua existência terrestre. Moisés e Elias foram
colaboradores de Cristo. Partilharam de Seus anseios em torno da
salvação dos homens. Moisés intercedera por Israel: “Agora pois
perdoa o seu pecado, se não risca-me, peço-Te do Teu Livro, que
tens escrito”.
Êxodo 32:32
. Elias conhecera a solidão de espírito
quando, por três anos e meio de fome, suportara o peso do ódio
e da miséria da nação. Sozinho, mantivera-se na defesa de Deus
sobre o monte Carmelo. Sozinho fugira para o deserto em angústia e
desespero. Esses homens, escolhidos de preferência a todos os anjos
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que rodeiam o trono, tinham vindo a conversar com Jesus acerca das
cenas de Seu sofrimento, e confortá-Lo com a certeza da simpatia
do Céu. A esperança do mundo, a salvação de toda criatura humana,
eis o assunto de sua entrevista.
Por haverem sido vencidos pelo sono, os discípulos pouco ou-
viram do que se passara entre Cristo e os mensageiros celestiais.
Deixando de vigiar e orar, não receberam o que Deus lhes desejava
dar — o conhecimento dos sofrimentos de Jesus e da glória que se
havia de seguir. Perderam a bênção que lhes teria cabido, houvessem
eles participado de Seu sacrifício. Tardios de coração eram esses