Página 455 - O Desejado de Todas as Na

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“Uma coisa te falta”
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Cristo contemplou o moço, como a ler-lhe a vida e a sondar-lhe
o caráter. Amou-o e ansiou dar-lhe aquela paz, graça e alegria que
lhe haviam de mudar essencialmente o caráter. “Falta-te uma coisa”,
disse; “vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um
tesouro no Céu; e vem, e segue-Me”.
Marcos 10:21
.
Cristo foi atraído para esse jovem. Sabia ser ele sincero em
sua declaração: “Tudo isso guardei desde a minha mocidade.” O
Redentor almejou criar nele aquele discernimento que o habilitaria
a ver a necessidade da devoção da alma e da bondade cristã. Anelou
ver-lhe um coração humilde e contrito, consciente do supremo amor
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a ser dedicado a Deus, e ocultando a própria deficiência na perfeição
de Cristo.
Jesus viu nesse príncipe exatamente o auxílio de que necessitava,
caso se viesse a tornar Seu cooperador na obra da salvação. Se se
colocasse sob a direção de Cristo, seria uma força para o bem. O
príncipe poderia, de maneira notável, haver representado o Salvador;
pois era dotado de qualidades que, uma vez unido a Jesus, o habilita-
riam a tornar-se uma força divina entre os homens. Cristo, lendo-lhe
o caráter, o amou. No coração do moço estava desabrochando o amor
para com Cristo; pois amor suscita amor. Jesus anelou vê-lo como
coobreiro Seu. Ansiou torná-lo semelhante a Si próprio, um espelho
em que se refletisse a semelhança divina. Anelou desenvolver-lhe a
excelência do caráter e santificá-lo para o serviço do Mestre. Hou-
vesse esse príncipe se entregado então a Cristo, e teria crescido na
atmosfera de Sua presença. Houvesse feito essa escolha, e quão
diferente teria sido seu futuro!
“Falta-te uma coisa”, disse Jesus. “Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu; e
vem, e segue-Me”.
Marcos 10:21
. Cristo leu no coração do príncipe.
Uma só coisa lhe faltava, mas essa era um princípio vital. Carecia
do amor de Deus na alma. Essa falta, a menos que fosse suprida,
demonstrar-se-ia fatal para ele; toda a sua natureza se corromperia.
Com a condescendência, fortalecer-se-ia o egoísmo. Para que rece-
besse o amor de Deus, deveria ser subjugado seu supremo amor do
próprio eu.
Cristo submeteu esse homem a uma prova. Chamou-o a escolher
entre o tesouro celestial e a mundana grandeza. Era-lhe assegurado
o tesouro celeste, caso seguisse a Cristo. Devia, porém, render o pró-