Página 489 - O Desejado de Todas as Na

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O banquete em casa de Simão
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para si, comprara um vaso de alabastro de “ungüento de nardo puro,
de muito preço” (
João 12:3
) para com ele ungir-Lhe o corpo. Mas
agora muitos diziam que Ele estava para ser coroado rei. Seu pesar
transformou-se em alegria, e ansiava ser a primeira a honrar a seu
Senhor. Quebrando o vaso de ungüento, derramou o conteúdo sobre
a cabeça e os pés de Jesus, e depois, enquanto de joelhos chorava
umedecendo-os com lágrimas, enxugava-os com os longos cabelos
soltos.
Buscara não ser observada, e seus movimentos poderiam passar
desapercebidos, mas o ungüento encheu a sala de odor, declarando
a todos os presentes a ação dela. Judas contemplou a mesma com
grande desagrado. Em vez de esperar o que diria Cristo sobre o
assunto, começou a murmurar suas recriminações aos que lhe fica-
vam mais próximos, censurando-O por tolerar esse desperdício. Fez
astutamente insinuações de molde a produzir descontentamento.
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Judas era tesoureiro dos discípulos, e de seu pequeno depósito
subtraíra às escondidas para o próprio uso, limitando assim a uma
insignificância os recursos dos discípulos. Ansiava colocar na bolsa
tudo quanto pudesse obter. Dos meios desta bolsa muitas vezes se
tirava para socorro dos pobres; e quando se comprava qualquer coisa
que Judas não julgava essencial, dizia: Por que esse desperdício?
por que o preço disso não se pôs na bolsa que tenho para os pobres?
Ora, o ato de Maria achava-se em tão frisante contraste com o seu
egoísmo, que o colocava em situação vergonhosa; e, segundo o seu
costume, procurou apresentar um motivo digno à objeção que fazia
a sua oferenda. Voltando-se para os discípulos, disse: “Por que não
se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos
pobres? Ora ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres,
mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”.
João 12:5, 6
. Judas não tinha coração para os pobres. Houvessem
vendido o ungüento de Maria, caísse o lucro em seu poder, e não
teriam os pobres recebido benefício.
Judas tinha em alto conceito sua habilidade administrativa.
Julgava-se, como financista, muito superior aos condiscípulos e
levara-os a considerá-lo da mesma maneira. Conquistara-lhes a
confiança, e exercia sobre eles grande influência. Sua professada
simpatia pelos pobres os enganou; e a astuta insinuação que fez os
levou a olhar com desconfiança a dedicação de Maria. E em volta da