Em criança
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pensarão nunca que se deva fazer distinção de classes, que os ricos
devam ser honrados de preferência aos pobres dignos.
Jesus punha em Seu trabalho alegria e tato. Muita paciência e
espiritualidade se requerem para introduzir a religião bíblica na vida
familiar e na oficina, suportar a tensão dos negócios do mundo, e
todavia conservar as vistas unicamente voltadas para a glória de
Deus. Aí é que Jesus foi um auxiliador. Nunca estava tão cheio de
cuidados do mundo que não tivesse tempo para pensar nas coisas
de cima. Exprimia freqüentemente o contentamento que Lhe ia no
coração, cantando salmos e hinos celestiais. Muitas vezes ouviam os
moradores de Nazaré Sua voz erguer-se em louvor e ações de graças
a Deus. Entretinha em cânticos comunhão com o Céu; e quando os
companheiros se queixavam da fadiga do trabalho, eram animados
pela doce melodia de Seus lábios. Dir-se-ia que Seu louvor banisse
os anjos maus, e, como incenso, enchesse de fragrância o lugar em
que Se achava. O espírito dos ouvintes era afastado de seu terreno
exílio, para o lar celestial.
Jesus era fonte de vivificante misericórdia para o mundo; e du-
rante todos aqueles retirados anos de Nazaré, Sua vida fluía em
correntes de simpatia e ternura. Os velhos, os sofredores, os opri-
midos de pecado, as crianças a brincar em sua inocente alegria, as
criaturas dos bosques, os pacientes animais de carga — todos se
sentiam mais felizes por Sua presença. Aquele cuja palavra pode-
rosa sustinha os mundos, detinha-Se para aliviar um pássaro ferido.
Nada havia para Ele indigno de Sua atenção, coisa alguma a que
desdenhasse prestar auxílio.
Assim, à medida que Se desenvolvia em sabedoria e estatura,
crescia Jesus em graça para com Deus e os homens. Atraía a simpatia
de todos os corações, mediante a capacidade que revelava de Se
compadecer de todos. A atmosfera de esperança e valor que O
circundava, tornava-O uma bênção em todo lar. Muitas vezes na
sinagoga, aos sábados, era convidado para ler a lição dos profetas, e
o coração dos ouvintes fremia, pois nova luz brilhava nas palavras
familiares dos textos sagrados.
Não obstante, Jesus fugia à ostentação. Durante todos os anos
de Sua residência em Nazaré, não fez exibição de Seu miraculoso
poder. Não buscou altas posições, nem pretendeu nenhum título. Sua
vida quieta e simples, e mesmo o silêncio das Escrituras a respeito