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O Desejado de Todas as Nações
Mas não podem enganar a Deus. Ele lê todo desígnio do coração, e
julgará todo homem segundo as suas ações.
Cristo condenou fartamente os abusos, mas teve cuidado de
não diminuir a obrigação. Repreendeu o egoísmo que extorquia e
dava má aplicação às dádivas da viúva. Ao mesmo tempo louvou a
viúva que trouxe sua oferta para o tesouro do Senhor. O abuso que
praticava o homem com a dádiva, não podia desviar da doadora a
bênção divina.
Jesus estava no pátio onde se achava a arca do tesouro, e obser-
vava os que ali iam depositar as ofertas. Muitos dos ricos levavam
grandes somas, que apresentavam com grande ostentação. Jesus os
contemplava tristemente, mas não fez comentário algum acerca de
suas liberais ofertas. Num momento, Sua fisionomia iluminou-se ao
ver uma pobre viúva aproximar-se hesitante, como receosa de ser
observada. Enquanto os ricos e altivos se apressavam para depor suas
dádivas, ela se retraía, como se mal ousasse adiantar-se. Todavia,
anelava fazer qualquer coisa, por pequenina que fosse, pela causa
que amava. Contemplou a dádiva que tinha na mão. Era demasiado
pequena em comparação com as ofertas dos que a rodeavam; ali
estava, no entanto, tudo quanto possuía. Espreitando o ensejo, deitou
apressadamente suas duas moedinhas, e virou-se para se afastar,
ligeira. Ao fazê-lo, porém, encontrou o olhar de Jesus, cravado nela.
O Salvador chamou a Si os discípulos, e convidou-os a notar
a pobreza da viúva. Então soaram aos ouvidos dela Suas palavras
de louvor: “Em verdade vos digo que lançou mais do que todos,
esta pobre viúva”.
Lucas 21:3
. Lágrimas de alegria lhe encheram
os olhos, ao ver que seu ato era compreendido e apreciado. Muitos
tê-la-iam aconselhado a guardar seu escasso recurso para o próprio
uso; dado às mãos dos bem nutridos sacerdotes, perder-se-ia de
vista entre os muitos custosos dons levados ao tesouro. Mas Jesus
entendeu-lhe o motivo. Ela cria que o serviço do templo era indicado
por Deus, e estava ansiosa por fazer tudo que lhe era possível para
sua manutenção. Fez o que pôde e sua ação serviria de monumento
a sua memória, através dos tempos, e alegria na eternidade. O co-
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ração acompanhou-lhe a dádiva; seu valor foi estimado, não pela
importância da moeda, mas pelo amor para com Deus e o interesse
para com Sua obra, que a motivaram.