Página 617 - O Desejado de Todas as Na

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Perante Anás e o tribunal de Caifás
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estorvara-lhes os planos. José de Arimatéia e Nicodemos não foram
então chamados, mas havia outros que talvez ousassem falar em
favor da justiça. O julgamento devia ser dirigido de maneira a unir
contra Cristo os membros do Sinédrio. Duas acusações desejavam
os sacerdotes manter. Se se pudesse provar que Jesus era blasfemo,
seria condenado pelos judeus. Se culpado de sedição, isso garantiria
a condenação por parte dos romanos. A segunda acusação procurou
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Anás estabelecer em primeiro lugar. Interrogou a Cristo quanto a
Seus discípulos e Suas doutrinas, esperando que o Prisioneiro dis-
sesse qualquer coisa que lhe fornecesse base para agir. Pensava tirar
alguma declaração, provando que Ele estava procurando fundar uma
sociedade secreta, com o intuito de estabelecer um novo reino. Então
os sacerdotes O poderiam entregar aos romanos como perturbador
da paz e cabeça de insurreição.
Cristo lia claramente os desígnios do sacerdote. Como se lesse no
mais íntimo da alma do que O interrogava, negou que houvesse entre
Ele e Seus seguidores qualquer união secreta, ou que os reunisse
em segredo e nas trevas para ocultar Seus desígnios. Não tinha
segredos quanto a Seus intuitos ou doutrinas. “Eu falei abertamente
ao mundo”, respondeu Ele; “Eu sempre ensinei na sinagoga e no
templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto”.
João 18:20
.
O Salvador punha em contraste Sua maneira de agir, com os
métodos de Seus acusadores. Durante meses O perseguiram, pro-
curando enlaçá-Lo e levá-Lo perante um tribunal secreto, onde po-
deriam obter por falso juramento o que era impossível conseguir
por meios justos. Agora levavam a efeito seus desígnios. A prisão
à meia-noite por meio de uma turba, as zombarias e maus-tratos
antes de Ele ser condenado, ou sequer acusado, era a maneira de
eles procederem, não a Sua. O ato que praticavam era uma violação
da lei. Suas próprias leis declaravam que um homem devia ser tra-
tado como inocente até se provar culpado. Em face de seus próprios
regulamentos, eram os sacerdotes condenados.
Voltando-Se para aquele que O interrogava, disse Jesus: “Para
que Me perguntas a Mim?” Não haviam os sacerdotes e príncipes
enviado espias para Lhe observar os movimentos, e relatar cada
palavra Sua? Não estiveram estes presentes em todas as reuniões
do povo, levando aos sacerdotes informações de tudo quanto fazia e