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O Desejado de Todas as Nações
dizia? “Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei”, replicou
Jesus; “eis que eles sabem o que Eu lhes tenho dito”.
João 18:21
.
Anás emudeceu diante da firmeza da resposta. Temendo que
Jesus fizesse alguma alusão a seu procedimento, que ele preferia
manter encoberto, nada mais Lhe disse nesse momento. Um de seus
servidores, cheio de indignação ao ver Anás calar-se, bateu no rosto
de Jesus, dizendo: “Assim respondes ao sumo sacerdote?”
Cristo replicou calmamente: “Se falei mal, dá testemunho do
mal; e, se bem, por que Me feres?”
João 18:22, 23
. Não proferiu
ardentes palavras de represália. Sua calma resposta proveio de um
coração imaculado, paciente e brando, que não se irritava.
Cristo sofria vivamente sob maus-tratos e insultos. Nas mãos
dos seres que criara, e pelos quais estava fazendo imenso sacrifício,
recebeu toda espécie de opróbrios. E sofreu proporcionalmente à
perfeição de Sua santidade e ao Seu ódio pelo pecado. Seu julga-
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mento por homens que agiam como demônios era-Lhe um sacrifício
sem fim. Achar-Se rodeado de criaturas humanas sob o domínio de
Satanás, era-Lhe revoltante. E sabia que, num momento, por uma
irradiação súbita de Seu divino poder, poderia reduzir a pó Seus
cruéis atormentadores. Isso tornava a provação mais dura de sofrer.
Os judeus aguardavam um Messias que Se revelasse com de-
monstrações exteriores. Esperavam que Ele, por um raio de avassa-
ladora vontade, mudasse a corrente dos pensamentos dos homens,
forçando-os a reconhecer-Lhe a supremacia. Assim, acreditavam, de-
via Ele firmar a própria exaltação e satisfazer suas ambiciosas espe-
ranças. Assim, quando Cristo era tratado com desprezo, sobrevinha-
Lhe forte tentação de manifestar Seu caráter divino. Por uma palavra,
um olhar, poderia compelir os perseguidores a confessar que era Se-
nhor sobre reis e príncipes, sacerdotes e templo. Mas cumpria-Lhe
a difícil tarefa de ater-Se à posição que escolhera como sendo um
com a humanidade.
Os anjos do Céu testemunhavam todo movimento contra Seu
amado Comandante. Ansiavam por libertar Cristo. Sob a direção
divina os anjos são todo-poderosos. Uma ocasião, em obediência
à ordem de Cristo mataram numa noite cento e oitenta e cinco mil
homens do exército assírio. Quão facilmente poderiam os anjos,
que contemplavam a vergonhosa cena do julgamento de Cristo,
haver demonstrado sua indignação consumindo os adversários de