Página 619 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

Perante Anás e o tribunal de Caifás
615
Deus! Mas não eram mandados fazer isso. Aquele que poderia haver
condenado Seus inimigos à morte, sofreu-lhes a crueldade. O amor
para com o Pai, Seu compromisso, assumido desde a fundação do
mundo, de tomar sobre Si o pecado, levaram-nO a suportar sem um
queixume o rude tratamento daqueles que viera salvar. Era parte de
Sua missão sofrer, em Sua humanidade, todos os motejos e abusos
que sobre Ele fossem acumulados. A única esperança do homem
residia nessa submissão de Cristo a tudo quando pudesse sofrer das
mãos e do coração humano.
Nada dissera Cristo que pudesse dar ganho de causa a Seus acu-
sadores; todavia, ligaram-nO, para significar que estava condenado.
Cumpria, no entanto, haver uma simulação de justiça. Era necessário
que houvesse a forma de um julgamento legal. Este as autoridades
estavam decididas a apressar. Sabiam a consideração em que Jesus
era tido pelo povo, e temiam que, fosse a prisão divulgada, talvez
tentassem o libertamento. E ainda, se o julgamento e a execução não
fossem efetuados imediatamente, haveria uma semana de adiamento
em virtude da celebração da páscoa. Isso poderia frustrar-lhes os
planos. Para assegurar a condenação de Jesus, muito dependiam do
clamor da turba, composta em grande parte da escória de Jerusalém.
Houvesse uma semana de delonga, e enfraqueceria a agitação, sendo
possível surgir uma reação. A melhor parte do povo seria levantada
a favor de Cristo; muitos se apresentariam com testemunhos em
prol de Sua reivindicação, expondo as poderosas obras que fizera.
[495]
Isso incitaria a indignação popular contra o Sinédrio. Seus processos
seriam condenados, e Jesus posto em liberdade, para receber novas
homenagens das multidões. Os sacerdotes e príncipes resolveram,
pois, que, antes de seus desígnios serem conhecidos, Jesus fosse
entregue nas mãos dos romanos.
Antes de tudo, porém, era preciso encontrar uma acusação. Até
então nada haviam conseguido. Anás ordenou que Jesus fosse con-
duzido a Caifás. Este pertencia aos saduceus, alguns dos quais eram
agora os mais furiosos inimigos de Jesus. Ele próprio, conquanto lhe
faltasse força de caráter, era positivamente tão severo, sem coração
e inescrupuloso como Anás. Não haveria meios que não empre-
gasse para destruir a Jesus. Era então de manhã bem cedo, ainda
muito escuro; à luz de tochas e lanternas, o armado bando, com o
Prisioneiro, pôs-se a caminho para o palácio do sumo sacerdote.