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O Desejado de Todas as Nações
Ali, enquanto se reuniam os membros do Sinédrio, Anás e Caifás
tornaram a interrogar Jesus, mas sem êxito.
Quando o conselho se ajuntara no tribunal, Caifás tomou seu
lugar como presidente. De ambos os lados se achavam os juízes, e
os que eram especialmente interessados no julgamento. Os soldados
romanos estavam postados na plataforma abaixo do trono. Aos pés
do mesmo, achava-Se Jesus. Sobre Ele se fixavam os olhares de
toda a multidão. Intensa era a agitação. Ele só dentre a multidão
estava calmo e sereno. A própria atmosfera que O rodeava parecia
impregnada de santa influência.
Caifás considerava Jesus como rival. A ansiedade do povo por
ouvir o Salvador, e sua aparente prontidão para Lhe aceitar os en-
sinos, suscitaram os terríveis ciúmes do sumo sacerdote. Contem-
plando agora, porém, o Prisioneiro, ele foi tomado de admiração
pela nobreza e dignidade de Seu porte. Sobreveio-lhe a convicção
de que esse homem tinha parentesco divino. Logo a seguir baniu
desdenhosamente essa idéia. Sua voz se fez ouvir imediatamente
em tons zombeteiros e altivos, exigindo que Jesus operasse diante
deles um de Seus poderosos milagres. Mas suas palavras caíram aos
ouvidos do Salvador como se as não tivera escutado. O povo com-
parava a conduta desperta e maligna de Anás e Caifás com a serena,
majestosa atitude de Jesus. No próprio espírito daquela endurecida
multidão, surgiu a pergunta: Terá esse homem de aspecto divino que
ser condenado como criminoso?
Percebendo a influência que se estava exercendo, Caifás apres-
sou o julgamento. Os inimigos de Jesus achavam-se em grande
perplexidade. Estavam resolvidos a firmar Sua condenação, mas
como consegui-lo, não o sabiam. Os membros do conselho esta-
vam divididos entre fariseus e saduceus. Renhida animosidade e
contenda reinava entre eles; não ousavam abordar certos pontos
disputados, por temor de briga. Com poucas palavras poderia Cristo
haver despertado os preconceitos de uns contra os outros, e teria
assim desviado de Si a ira deles. Bem o sabia Caifás, e desejava
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evitar uma contenda. Havia numerosas testemunhas para provar que
Cristo acusara os sacerdotes e escribas, que lhes chamara hipócritas
e homicidas; mas esse testemunho, não era conveniente apresentar.
Em suas cortantes disputas contra os fariseus, haviam-se os saduceus
servido de idêntica linguagem. E tal testemunho não teria nenhuma