Página 621 - O Desejado de Todas as Na

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Perante Anás e o tribunal de Caifás
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força diante dos romanos, que estavam eles mesmos desgostosos
com as pretensões dos fariseus. Havia abundantes provas de que
Jesus desprezara a tradição dos judeus, e falara irreverentemente
de muitas de suas ordenanças; mas quanto às tradições, fariseus e
saduceus estavam de arma em riste entre si; e também essa prova
nenhum peso teria quanto aos romanos. Os inimigos de Cristo não
ousavam acusá-Lo de transgressor do sábado, para que um exame
não revelasse o caráter de Sua obra. Fossem Seus milagres de cura
trazidos à luz, e estaria derrotado o objetivo dos sacerdotes.
Subornaram-se falsas testemunhas para acusarem a Jesus de
incitar rebelião e buscar estabelecer um governo separado. Mas seus
testemunhos se demonstraram vagos e contraditórios. Ao serem
interrogados, falsearam suas próprias declarações.
No princípio de Seu ministério, dissera Cristo: “Derribai este
templo, e em três dias o levantarei.” Na figurada linguagem da profe-
cia, predissera assim Sua própria morte e ressurreição. “Ele falava do
templo de Seu corpo”.
João 2:19, 21
. Essas palavras compreenderam
os judeus em seu sentido literal, como se referindo ao templo de
Jerusalém. De tudo quanto Cristo dissera, não podiam os sacerdotes
encontrar nada de que se servir contra Ele, a não ser isso. Torcendo
essas palavras, esperavam tomar vantagem. Os romanos tinham-se
empenhado em reconstruir e embelezar o templo, e dele muito se
orgulhavam; qualquer desprezo a ele manifestado, incitar-lhes-ia
certamente a indignação. Nisso tanto romanos como judeus, fariseus
e saduceus estavam em harmonia; pois todos tinham o templo em
grande veneração. A esse respeito, encontraram-se duas testemunhas
cuja declaração não era contraditória como as das outras. Uma de-
las, que fora subornada para acusar Jesus, declarou: “Este disse: Eu
posso derribar o templo de Deus e reedificá-lo em três dias.” Assim
eram desfiguradas as palavras de Cristo. Se fossem relatadas tais
quais Ele as proferira, não teriam eles conseguido Sua condenação,
nem mesmo por meio do Sinédrio. Fosse Jesus um simples homem,
como os judeus pretendiam, Sua declaração haveria apenas indicado
um espírito irrazoável, jactancioso, mas não poderia ter sido consi-
derada blasfêmia. Mesmo torcidas pelas falsas testemunhas, essas
palavras nada continham que pudesse ser olhado pelos romanos
como crime digno de morte.