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O Desejado de Todas as Nações
por parábolas, não ficaram os escribas e fariseus arrebatados com
Suas vivas ilustrações! Quantas vezes proferiram a sentença contra
si mesmos! Freqüentemente, ao penetrar-lhes a verdade no coração,
se encheram de cólera e pegaram em pedras para Lhe atirarem;
mas uma e outra vez Ele escapara. Já que Se esquivara a tantas
armadilhas, pensava Judas, não havia por certo de permitir agora ser
aprisionado.
Judas decidiu pôr a questão à prova. Se Jesus era na verdade
o Messias, o povo, por quem Ele tanto fizera, reunir-se-Lhe-ia em
torno e O proclamaria rei. Isso viria fixar muitos espíritos então na
incerteza. Judas teria a honra de haver colocado o rei no trono de
Davi. E esse ato lhe asseguraria a primeira posição, depois de Cristo,
no novo reino.
O falso discípulo representou seu papel em trair a Jesus. No
horto, quando disse aos guias da turba: “O que eu beijar, é Esse;
prendei-O” (
Mateus 26:48
), acreditava plenamente que Cristo esca-
paria das mãos deles. Então, se o censurassem, poderia dizer: Não
vos disse que O prendêsseis?
Judas viu os aprisionadores de Cristo, agindo sobre suas palavras,
ligarem-nO firmemente. Viu, com espanto, que o Salvador suportava
que O levassem. Seguiu-O ansiosamente do horto ao julgamento
perante os príncipes judaicos. A cada movimento, esperava que Ele
surpreendesse os inimigos, apresentando-Se diante deles como Filho
de Deus e reduzindo a nada todos os seus tramas e poder. Mas, à
medida que passava hora após hora, e Jesus Se submetia a todos os
maus-tratos sobre Ele acumulados, apoderou-se do traidor o terrível
temor de que tivesse vendido seu Mestre para a morte.
Ao aproximar-se o julgamento do fim, não mais podia Judas
suportar a tortura de sua consciência culpada. De súbito soou pela
sala uma voz rouca, que produziu em todos os corações uma reação
de terror: Ele é inocente; poupa-O, ó Caifás!
Viu-se então a alta figura de Judas, comprimindo-se por entre
a sobressaltada multidão. Tinha o rosto pálido e decomposto, e
borbulhavam-lhe na fronte grandes gotas de suor. Precipitando-se
para o trono do juízo, atirou perante o sumo sacerdote as moedas de
prata, preço de sua traição a seu Senhor. Agarrando ansiosamente as
vestes de Caifás, implorou-lhe que soltasse Jesus, declarando que
Ele nada fizera digno de morte. Caifás repeliu-o zangado, mas ficou