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O Desejado de Todas as Nações
Mal se proferiram essas palavras, e fez-se uma arremetida para
Cristo. Como animais ferozes precipitou-se a multidão para sua
presa. Jesus foi arrastado de um lado para outro, unindo-se Herodes
à turba em buscar humilhar o Filho de Deus. Não se houvessem inter-
posto os soldados romanos, repelindo para trás a massa enfurecida,
e o Salvador teria sido feito em pedaços.
“Herodes, com os seus soldados, desprezou-O, e, escarnecendo
dEle, vestiu-O de uma roupa resplandecente”.
Lucas 23:11
. Os sol-
dados romanos juntaram-se nesses ultrajes. Tudo quanto ímpios,
corruptos soldados, ajudados por Herodes e os dignitários judeus po-
diam instigar, foi acumulado sobre o Salvador. Todavia, não perdeu
Sua divina paciência.
Os perseguidores de Cristo tentaram medir-Lhe o caráter pelo
deles próprios; tinham-nO figurado tão vil como eles. Mas por trás de
toda a presente aparência introduziu-se, malgrado seu, outra cena —
cena que eles hão de ver um dia em toda a sua glória. Houve alguns
que tremeram na presença de Cristo. Enquanto a rude multidão se
inclinava diante dEle em zombaria, alguns que se adiantaram para
esse fim recuaram, aterrorizados e mudos. Herodes ficou convicto.
Os últimos raios de misericordiosa luz incidiam sobre seu coração
endurecido pelo pecado. Sentiu que Este não era um homem comum;
pois a divindade irradiara através da humanidade. Ao mesmo tempo
que Cristo estava cercado de escarnecedores, adúlteros e homicidas,
Herodes sentiu estar contemplando, um Deus sobre Seu trono.
Endurecido como estava, não ousou Herodes ratificar a conde-
nação de Cristo. Desejava livrar-se da terrível responsabilidade, e
mandou Jesus de volta para o tribunal romano.
Pilatos ficou decepcionado e muito desgostoso. Quando os ju-
deus voltaram com o Preso, perguntou-lhes impaciente o que que-
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riam que ele fizesse. Lembrou-lhes que já interrogara Jesus, e não
achara nEle crime algum; disse-lhes que tinham trazido queixas con-
tra Ele, mas não eram capazes de provar uma única. Mandara Jesus
a Herodes, o tetrarca da Galiléia e compatriota seu, mas também ele
não encontrara nEle coisa alguma digna de morte. “Castigá-Lo-ei
pois”, disse Pilatos, “e soltá-Lo-ei”.
Lucas 23:16
.
Aí mostrou Pilatos sua fraqueza. Declarara que Jesus era ino-
cente e, no entanto, estava disposto a fazê-lo açoitar para pacificar os
acusadores. Sacrificaria a justiça e o princípio, a fim de contempori-