Página 65 - O Desejado de Todas as Na

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Dias de luta
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fim de mostrar Seu caráter celestial, trabalhava fervorosamente pela
humanidade. Incutia o princípio de não consistir a religião bíblica
em mortificações corporais. Ensinava que a religião pura e incon-
taminada não se deve manifestar apenas em determinados tempos
e ocasiões especiais. Em todos os tempos e lugares demonstrava
amorável interesse pelos homens, irradiando em torno a luz de uma
animosa piedade. Tudo isso era uma censura aos fariseus. Mostrava
que a religião não consiste em egoísmo, e que sua mórbida dedica-
ção ao interesse pessoal estava longe de ser verdadeira piedade. Isso
despertara a inimizade deles para com Jesus, de modo a buscarem
forçá-Lo a conformar-Se com seus regulamentos.
Jesus trabalhava para aliviar todo caso de sofrimento que via.
Pouco dinheiro tinha para dar, mas privava-Se muitas vezes de ali-
mento, a fim de diminuir a necessidade dos que pareciam mais
carecidos que Ele. Seus irmãos sentiam que Sua influência ia longe
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em anular a deles. Era dotado de tato que nenhum deles possuía,
nem desejava obter. Quando falavam asperamente aos pobres e de-
gradados, Jesus procurava exatamente aqueles seres, dirigindo-lhes
palavras de animação. Aos que estavam em necessidade, oferecia
um copo de água fria e punha-lhes no regaço Sua própria refeição.
Aliviando-lhes os sofrimentos, as verdades que ensinava eram asso-
ciadas a esses atos de misericórdia, sendo assim fixadas na memória.
Tudo isso desgostava os irmãos. Sendo mais velhos que Jesus,
achavam que Ele devia estar sob sua direção. Acusavam-nO de
Se julgar superior a eles, e O reprovavam por Se colocar acima
dos mestres, e dos sacerdotes e príncipes do povo. Muitas vezes
O ameaçavam e procuravam intimidá-Lo; mas Ele seguia avante,
tomando por guia as Escrituras.
Jesus amava Seus irmãos e os tratava com incansável bondade,
mas eles tinham-Lhe ciúmes, manifestando a mais decidida incredu-
lidade e desdém. Não Lhe podiam entender o procedimento. Grandes
eram as contradições que se manifestavam em Jesus. Filho de Deus,
era no entanto impotente criança. Criador dos mundos, a Terra era
possessão Sua, e todavia cada passo de Sua existência foi assina-
lado pela pobreza. Possuía dignidade e individualidade inteiramente
isentas de orgulho terreno ou presunção; não lutava por grandeza
mundana e achava-se contente até na mais humilde posição. Isso ir-
ritava os irmãos. Não podiam explicar Sua constante serenidade sob