Página 653 - O Desejado de Todas as Na

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Na sala de julgamento de Pilatos
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sus, eram capazes de professar lealdade ao governo estrangeiro que
odiavam.
“Qualquer que se faz rei é contra o César”, continuaram. Isso
era tocar num ponto fraco de Pilatos. Ele estava suspeito ao governo
romano, e sabia que tal notícia constituía a ruína para si. Sabia que
se os judeus fossem contrariados, sua cólera se voltaria contra ele.
Não recuariam diante de coisa nenhuma para realizar sua vingança.
Tinha diante de si o exemplo na persistência com que buscavam a
vida dAquele a quem aborreciam sem causa.
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Pilatos assentou-se então no tribunal, no assento do juiz, e tornou
a apresentar Jesus ao povo, dizendo: “Eis aqui o vosso Rei.” De novo
se fez ouvir o furioso brado: “Tira, tira, crucifica-O.” Numa voz que
se podia ouvir até longe, Pilatos perguntou: “Hei de crucificar o
vosso Rei?” Mas de profanos e blasfemos lábios partiram as palavras:
“Não temos rei, senão o César”.
João 19:15
.
Escolhendo assim um governo pagão, apartara-se a nação ju-
daica da teocracia. Rejeitara a Deus como rei. Não tinha, daí em
diante, mais libertador. Não tinha rei senão o César. A isso os sacer-
dotes e doutores levaram o povo. Por isso, bem como pelos terríveis
resultados que se seguiram, eram eles responsáveis. O pecado de
uma nação e sua ruína, eram devidos aos guias religiosos.
“Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto cres-
cia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou
inocente do sangue deste Justo: considerai isso”.
Mateus 27:24
. Com
temor e um sentimento de condenação própria, olhou Pilatos ao Sal-
vador. No vasto oceano de rostos levantados, unicamente o Seu
estava sereno. Parecia brilhar-Lhe em torno da cabeça uma suave
luz. Pilatos disse consigo mesmo: Ele é um Deus. Virando-se para
a multidão, declarou: Estou limpo de Seu sangue. Tomai-O vós e
crucificai-O. Mas notai isto, sacerdotes e príncipes: Eu O declaro
justo. Que Aquele que Ele diz ser Seu Pai vos julgue a vós e não a
mim pela obra deste dia. Depois, para Jesus: Perdoa-me esta ação;
não Te posso salvar. E fazendo açoitá-Lo, entregou-O para ser cruci-
ficado.
Pilatos anelava libertar a Jesus. Viu, porém, que não podia fa-
zer isso e conservar ainda sua posição e honra. De preferência a
perder seu poder no mundo, escolheu sacrificar uma vida inocente.
Quantos há que, para escapar a um prejuízo ou sofrimento, de igual