Página 77 - O Desejado de Todas as Na

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A voz do deserto
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mansos da Terra” (
Isaías 11:4
); “um refúgio contra a tempestade, [...]
a sombra de uma grande rocha em terra sedenta” (
Isaías 32:2
); Israel
não mais sendo chamado “Desamparada”, nem sua terra “Assolada”,
mas chamado pelo Senhor “o Meu Prazer”, e Sua terra “Desposada”.
Isaías 62:4
. O coração do solitário exilado enchia-se de gloriosa
visão.
[62]
Contemplou o Rei em Sua beleza, e o próprio eu foi esquecido.
Via a majestade da santidade, e sentiu-se ineficiente e indigno. Es-
tava disposto a ir como mensageiro do Céu, não atemorizado pelo
humano, pois contemplara o Divino. Podia ficar ereto e destemido
em presença de governantes terrestres, porque se prostrara diante do
Rei dos reis.
João não compreendia plenamente a natureza do reino do Mes-
sias. Esperava que Israel fosse libertado de seus inimigos nacionais;
mas a vinda de um Rei em justiça, e o estabelecimento de Israel
como nação santa, era o grande objetivo de sua esperança. Assim
acreditava se viesse a cumprir a profecia dada em seu nascimento.
“Para [...] lembrar-Se do Seu santo concerto, [...] Que, libertados da
mão de nossos inimigos, O serviríamos sem temor, em santidade e
justiça perante Ele, todos os dias de nossa vida”.
Via seu povo enganado, satisfeito consigo mesmo e adormecido
em pecados. Anelava despertá-los para vida mais santa. A mensagem
que Deus lhe dera, destinava-se a acordá-los da letargia, e fazê-los
tremer por sua grande iniqüidade. Antes de a semente do evangelho
poder encontrar guarida, o solo do coração deveria ser revolvido.
Antes de lhes ser possível buscar cura em Jesus, precisavam ser
despertados para o perigo que corriam em razão das feridas do
pecado.
Deus não manda mensageiros para lisonjear o pecador. Não
transmite mensagem de paz para embalar os não santificados numa
segurança fatal. Depõe pesados fardos sobre a consciência do mal-
feitor, e penetra o coração com as setas da convicção. Os anjos
ministradores apresentam-lhe os terríveis juízos de Deus para apro-
fundar o sentimento da necessidade, e instigar ao brado: “Que devo
fazer para me salvar?” Então a mão que humilhou até o pó, ergue
o penitente. A voz que repreendeu o pecado, e expôs à vergonha o
orgulho e a ambição, indaga com a mais terna simpatia: “Que queres
que te faça?”