Página 83 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

O batismo
79
Quando Jesus foi para ser batizado, João nEle reconheceu pureza
de caráter que nunca divisara em homem algum. A própria atmosfera
de Sua presença era santa e inspirava respeito. Entre as multidões
que se haviam congregado em torno dele no Jordão, ouvira João
tristes histórias de crime, e encontrara pessoas curvadas ao fardo
de milhares de pecados; nunca, entretanto, estivera em contato com
um ser humano de quem brotasse tão divina influência. Tudo isso
estava em harmonia com o que lhe fora revelado acerca do Messias.
No entanto, esquivou-se a fazer o pedido de Jesus. Como poderia
ele, pecador, batizar o Inocente? E por que haveria Aquele que não
[67]
necessitava de arrependimento, de submeter-Se a um rito que era
uma confissão de culpa a ser lavada?
Ao pedir Jesus, o batismo, João recusou, exclamando: “Eu careço
de ser batizado por Ti, e vens Tu a mim?” Com firme, se bem que
branda autoridade, Jesus respondeu: “Deixa por agora, porque assim
nos convém cumprir toda a justiça”. E João, cedendo, desceu com
o Salvador ao Jordão, sepultando-O nas águas. “E logo que saiu
da água” Jesus “viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba
descia sobre Ele”.
Mateus 3:14, 15
.
Jesus não recebeu o batismo como confissão de pecado de Sua
própria parte. Identificou-Se com os pecadores, dando os passos que
nos cumpre dar. A vida de sofrimento e paciente perseverança que
viveu depois do batismo, foi também um exemplo para nós.
Ao sair da água, Jesus Se inclinou em oração à margem do rio.
Nova e importante fase abria-se diante dEle. Entrava agora, em mais
amplo círculo, no conflito de Sua vida. Conquanto fosse o Príncipe
da Paz, Sua vida devia ser como o desembainhar de uma espada.
O reino que viera estabelecer, era oposto daquilo que os judeus
desejavam. Aquele que era o fundamento do ritual e da organização
de Israel, seria considerado seu inimigo e destruidor. Aquele que
proclamara a lei sobre o Sinai, seria condenado como transgressor. O
que viera derribar o poder de Satanás, seria acusado como Belzebu.
Ninguém na Terra O compreendera, e ainda em Seu ministério devia
andar sozinho. Durante Sua existência, nem a mãe nem os irmãos
Lhe tinham compreendido a missão. Os próprios discípulos não O
entendiam. Habitara na eterna luz, sendo um com Deus, mas Sua
vida na Terra devia ser vivida em solidão.