Página 111 - O Grande Conflito

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A influência de um bom lar
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providência de Deus foi levado a visitar Roma. Seguiu viagem a pé,
hospedando-se nos mosteiros, pelo caminho. Em um convento na
Itália, encheu-se de admiração ante a riqueza, magnificência e luxo
que testemunhou. Dotados de uma receita principesca, os monges
habitavam em esplêndidos compartimentos, ornamentavam-se com
as mais ricas e custosas vestes, e banqueteavam-se em suntuosas
mesas. Com dolorosos pressentimentos Lutero contrastou esta cena
com a renúncia e rigores de sua própria vida. O espírito estava-se-lhe
tornando perplexo.
Afinal, contemplou a distância a cidade das sete colinas. Com
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profunda emoção prostrou-se ao solo, exclamando: “Santa Roma, eu
te saúdo!” — D’Aubigné. Entrou na cidade, visitou as igrejas, ouviu
as histórias maravilhosas repetidas pelos padres e monges, e cumpriu
todas as cerimônias exigidas. Por toda parte via cenas que o enchiam
de espanto e horror. Observava a iniqüidade que existia entre todas as
classes do clero. Ouviu gracejos imorais dos prelados, e horrorizou-
se com sua espantosa profanidade, mesmo durante a missa. Ao
associar-se aos monges e cidadãos, deparou com desregramento,
libertinagem. Para onde quer que se volvesse, encontrava sacrilégio
em lugar de santidade. “Ninguém pode imaginar”, escreveu ele,
“que pecados e ações infames se cometem em Roma; precisam ser
vistos e ouvidos para serem cridos. Por isso costumam dizer: ‘Se há
inferno, Roma está construída sobre ele: é um abismo donde procede
toda espécie de pecado.’” — D’Aubigné.
Por um decreto recente, fora prometida pelo papa certa indulgên-
cia a todos os que subissem de joelhos a “escada de Pilatos”, que se
diz ter sido descida por nosso Salvador ao sair do tribunal romano, e
miraculosamente transportada de Jerusalém para Roma. Lutero es-
tava certo dia subindo devotamente esses degraus, quando de súbito
uma voz semelhante a trovão pareceu dizer-lhe: “O justo viverá da
fé.”
Romanos 1:17
. Ergueu-se de um salto e saiu apressadamente
do lugar, envergonhado e horrorizado. Esse texto nunca perdeu a
força sobre sua alma. Desde aquele tempo, viu mais claramente do
que nunca dantes a falácia de se confiar nas obras humanas para
a salvação, e a necessidade de fé constante nos méritos de Cristo.
Tinham-se-lhe aberto os olhos, e nunca mais se deveriam fechar aos
enganos do papado. Quando ele deu as costas a Roma, também dela