Página 113 - O Grande Conflito

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A influência de um bom lar
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A igreja de Roma mercadejava com a graça de Deus. As mesas
dos cambistas (
Mateus 21:12
) foram postas ao lado de seus altares,
e o ar ressoava com o clamor dos compradores e vendedores. Com a
alegação de levantar fundos para a ereção da igreja de São Pedro,
em Roma, publicamente se ofereciam à venda indulgências, por
autorização do papa. Pelo preço do crime deveria construir-se um
templo para o culto de Deus — a pedra fundamental assentada com
o salário da iniqüidade! Mas os próprios meios adotados para o
engrandecimento de Roma, provocaram o mais mortal dos golpes
ao seu poderio e grandeza. Foi isto que suscitou o mais resoluto e
eficaz dos inimigos do papado, determinando a batalha que abalou o
trono papal e fez tremer na cabeça do pontífice a tríplice coroa.
Tetzel, o oficial designado para dirigir a venda das indulgências
na Alemanha, era culpado das mais vis ofensas à sociedade e à
lei de Deus; havendo, porém, escapado dos castigos devidos aos
seus crimes, foi empregado para promover os projetos mercenários
e nada escrúpulos do papa. Com grande descaramento repetia as
mais deslumbrantes falsidades, e relatava histórias maravilhosas
para enganar um povo ignorante, crédulo e supersticioso. Tivesse
este a Palavra de Deus, e não teria sido enganado dessa maneira.
Foi para conservá-lo sob o domínio do papado, a fim de aumentar o
poderio e riqueza de seus ambiciosos dirigentes, que a Bíblia fora
dele retirada. (Ver História Eclesiástica, de Gieseler.)
Ao entrar Tetzel numa cidade, um mensageiro ia adiante dele,
anunciando: “A graça de Deus e do santo padre está às vossas
portas!” — D’Aubigné. E o povo recebia o pretensioso blasfemo
como se fosse o próprio Deus a eles descido do Céu.
O infame tráfico era estabelecido na igreja, e Tetzel, subindo
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ao púlpito, exaltava as indulgências como o mais precioso dom de
Deus. Declarava que em virtude de seus certificados de perdão, todos
os pecados que o comprador mais tarde quisesse cometer ser-lhe-
iam perdoados, e que “mesmo o arrependimento não é necessário.”
— D’Aubigné. Mais do que isto, assegurava aos ouvintes que as
indulgências tinham poder para salvar não somente os vivos mas
também os mortos; que, no mesmo instante em que o dinheiro
tinia de encontro ao fundo de sua caixa, a alma em cujo favor era
pago escaparia do purgatório, ingressando no Céu. — História da
Reforma, de Hagenbach.