Página 130 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
naquela ocasião muito alquebrada; não obstante escreveu ao eleitor:
“Se eu não puder ir a Worms com boa saúde, serei levado para
lá, doente como estou. Pois se o imperador me chama, não posso
duvidar de que é o chamado do próprio Deus. Se desejarem usar
de violência para comigo (e isto é muito provável, pois não é para
a instrução deles que me ordenam comparecer), ponho o caso nas
mãos do Senhor. Ainda vive e reina Aquele que preservou os três
jovens na fornalha ardente. Se Ele me não salvar, minha vida é de
pouca importância. Tão-somente evitemos que o evangelho seja
exposto ao escárnio dos ímpios; e por ele derramemos nosso sangue,
de preferência a deixar que eles triunfem. Não me compete decidir
se minha vida ou minha morte contribuirá mais para a salvação de
todos. ... Podeis esperar tudo de mim... exceto fuga e abjuração.
Fugir não posso, e menos ainda me retratar.” — D’Aubigné.
Quando em Worms circularam as notícias de que Lutero deve-
ria comparecer perante a Dieta, houve geral excitação. Aleandro, o
delegado papal a quem fora especialmente confiado o caso, estava
alarmado e enraivecido. Via que o resultado seria desastroso para a
causa papal. Instituir inquérito sobre um caso em que o papa já havia
pronunciado sentença de morte, seria lançar o desdém sobre a auto-
ridade do soberano pontífice. Além disso, tinha apreensões de que
os eloqüentes e poderosos argumentos daquele homem pudessem
desviar da causa do papa muitos dos príncipes.
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Com muita insistência, pois, advertiu Carlos contra o apareci-
mento de Lutero em Worms. Por este tempo foi publicada a bula
que declarava a excomunhão de Lutero. Este fato, em acréscimo às
representações do legado, induziu o imperador a ceder. Escreveu
ao eleitor que, se Lutero não se retratasse, deveria permanecer em
Wittenberg.
Não contente com esta vitória, Aleandro trabalhou com toda a
força e astúcia que possuía, para conseguir a condenação de Lutero.
Com uma persistência digna de melhor causa, insistiu em que o caso
chegasse à atenção dos príncipes, prelados e outros membros da
assembléia, acusando o reformador de “sedição, rebelião e blasfê-
mia.” Mas a veemência e paixão manifestadas pelo legado revelaram
demasiadamente claro o espírito que o impulsionava. “Ele é movido
pelo ódio e vingança”, foi a observação geral, “muito mais do que
pelo zelo e piedade.” — D’Aubigné. A maior parte da Dieta estava