O poder triunfante da verdade
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mais do que nunca inclinada a considerar favoravelmente a causa de
Lutero.
Com redobrado zelo insistia Aleandro com o imperador sobre o
dever de executar os editos papais. Mas, pelas leis da Alemanha, não
se poderia fazer isto sem o apoio dos príncipes; e vencido finalmente
pela importunação do legado, Carlos ordenou-lhe apresentar seu
caso à Dieta.
“Foi um dia pomposo para o núncio. A assembléia era grandiosa;
a causa ainda maior. Aleandro deveria pleitear em favor de Roma,
... mãe e senhora de todas as igrejas.” Deveria reivindicar a sobe-
rania de Pedro perante os principados da cristandade, reunidos em
assembléia. “Possuía o dom da eloqüência e ergueu-se à altura da
ocasião. Determinava a Providência que Roma aparecesse e pleite-
asse pelo mais hábil de seus oradores, na presença do mais augusto
tribunal, antes que fosse condenada.” — Wylie. Com alguns receios,
os que favoreciam o reformador anteviam o efeito dos discursos de
Aleandro. O eleitor da Saxônia não estava presente, mas por sua
ordem alguns de seus conselheiros ali se achavam para tomar notas
do discurso do núncio.
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Com todo o prestígio do saber e da eloqüência, Aleandro se pôs
a derribar a verdade. Acusação sobre acusação lançou ele contra Lu-
tero, como inimigo da Igreja e do Estado, dos vivos e dos mortos, do
clero e dos leigos, dos concílios e dos cristãos em geral. “Nos erros
de Lutero há o suficiente”, declarou ele, para assegurar a queima de
“cem mil hereges.”
Em conclusão esforçou-se por atirar o desprezo aos adeptos da fé
reformada: “O que são estes luteranos? Uma quadrilha de insolentes
pedantes, padres corruptos, devassos monges, advogados ignorantes
e nobres degradados, juntamente com o povo comum a que trans-
viaram e perverteram. Quanto lhes é superior o partido católico em
número, competência e poder! Um decreto unânime desta ilustre
assembléia esclarecerá os simples, advertirá os imprudentes, firmará
os versáteis e dará força aos fracos.” — D’Aubigné.
Com tais armas têm sido, em todos os tempos, atacados os de-
fensores da verdade. Os mesmos argumentos ainda se apresentam
contra todos os que ousam mostrar, em oposição a erros estabele-
cidos, os simples e diretos ensinos da Palavra de Deus. “Quem são
estes pregadores de novas doutrinas?” exclamam os que desejam