Página 175 - O Grande Conflito

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Os príncipes amparam a verdade
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os reformadores e todos os que os favoreciam. Disse Melâncton:
“Nós somos o ódio e a escória do mundo; mas Cristo olhará para
o Seu pobre povo e o preservará.” — D’Aubigné. Aos príncipes
evangélicos que assistiam à Dieta foi até proibido que se pregasse o
evangelho em sua residência. Mas o povo de Espira tinha sede da
Palavra de Deus e, apesar da proibição, milhares se congregavam
para os cultos realizados na capela do eleitor da Saxônia.
Isso apressou a crise. Uma mensagem imperial anunciou à Di-
eta que, como a resolução que concedia liberdade de consciência
havia dado origem a grandes desordens, o imperador exigia fosse
ela anulada. Este ato arbitrário excitou a indignação e alarma dos
cristãos evangélicos. Disse um deles: “Cristo caiu de novo às mãos
de Caifás e Pilatos.” Os romanistas tornaram-se mais violentos. Um
católico romano, fanático, declarou: “Os turcos são melhores que os
luteranos; pois eles observam dias de jejum, e os luteranos os violam.
Se tivéssemos de escolher entre as Escrituras Sagradas de Deus e
os velhos erros da igreja, deveríamos rejeitar as primeiras.” Disse
Melâncton: “Cada dia, em plena assembléia, Faber lança alguma
nova pedra contra nós, os evangélicos.” — D’Aubigné.
A tolerância religiosa fora legalmente estabelecida, e os Estados
evangélicos estavam resolvidos a opor-se à violação de seus direitos.
A Lutero, ainda sob a condenação imposta pelo edito de Worms,
não era permitido estar presente em Espira; mas preencheram-lhe o
lugar os seus cooperadores e os príncipes que Deus suscitara para
defender Sua causa nessa emergência. O nobre Frederico da Saxônia,
protetor de Lutero, fora arrebatado pela morte; mas o duque João,
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seu irmão e sucessor, alegremente aceitara a Reforma e, conquanto
fosse amigo da paz, manifestara grande energia e coragem em todos
os assuntos relativos aos interesses da fé.
Os padres pediam que os Estados que haviam aceito a Reforma se
submetessem implicitamente à jurisdição romana. Os reformadores,
por outro lado, reclamavam a liberdade que anteriormente lhes fora
concedida. Não poderiam consentir em que Roma de novo pusesse
sob seu domínio aqueles Estados que com grande alegria haviam
recebido a Palavra de Deus.
Como entendimento foi finalmente proposto que onde a Reforma
não se houvesse estabelecido, o edito de Worms deveria ser rigoro-
samente posto em execução; e que nos Estados “em que o povo dele