Página 178 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
ram prazo, mas em vão. Quando levados à prova, quase a metade
se declarou pela Reforma. Os que assim se recusaram a sacrificar
a liberdade de consciência e do direito do juízo individual, bem
sabiam que sua posição os assinalava para a crítica, a perseguição e
condenação. Disse um dos delegados: “Devemos ou negar a Palavra
de Deus, ou — ser queimados.” — D’Aubigné.
O rei Fernando, representante do imperador na Dieta, viu que o
decreto determinaria sérias divisões a menos que os príncipes pu-
dessem ser induzidos a aceitá-lo e apoiá-lo. Experimentou, portanto,
a arte da persuasão, bem sabendo que o emprego da força com tais
homens unicamente os tornaria mais decididos. “Pediu aos príncipes
que aceitassem o decreto, assegurando-lhes que o imperador grande-
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mente se agradaria deles.” Mas aqueles homens leais reconheciam
uma autoridade acima da dos governantes terrestres, e responde-
ram calmamente: “Obedeceremos ao imperador em tudo que possa
contribuir para manter a paz e a honra de Deus.” — D’Aubigné.
Na presença da Dieta, o rei finalmente anunciou ao eleitor e a
seus amigos que o edito “ia ser redigido na forma de um decreto
imperial”, e que “a única maneira de agir que lhes restava, seria
submeter-se à maioria.” Tendo assim falado, retirou-se da assem-
bléia, não dando aos reformadores oportunidades para deliberar ou
replicar. “Sem nenhum resultado enviaram uma delegação pedindo
ao rei que voltasse.” À sua representação respondeu somente: “É
questão decidida; a submissão é tudo o que resta.” — D’Aubigné.
O partido imperial estava convicto de que os príncipes cristãos
adeririam às Escrituras Sagradas como superiores às doutrinas e
preceitos humanos; e sabia que, onde quer que fosse aceito este prin-
cípio, o papado seria afinal vencido. Mas, semelhantes a milhares
que tem havido desde esse tempo, apenas olhavam “para as coisas
que se vêem”, lisonjeando-se de que a causa do imperador e do papa
era forte, e a dos reformadores fraca. Houvessem os reformadores
confiado unicamente no auxilio humano, e teriam sido tão impoten-
tes como os supunham os adeptos do papa. Mas, conquanto fracos
em número e em desacordo com Roma, tinham a sua força. Apela-
ram “do relatório da Dieta para a Palavra de Deus, e do imperador
Carlos para Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores.” —
D’Aubigné.