Página 179 - O Grande Conflito

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Os príncipes amparam a verdade
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Como Fernando se recusasse a tomar em consideração suas
convicções de consciência, os príncipes se decidiram a não tomar
em conta a sua ausência, mas levar sem demora seu protesto perante
o concílio nacional. Foi, portanto, redigida e apresentada à Dieta
esta solene declaração:
“Protestamos pelos que se acham presentes, perante Deus nosso
único Criador, Mantenedor, Redentor e Salvador, e que um dia será
nosso Juiz, bem como perante todos os homens e todas as criaturas,
que nós, por nós e pelo nosso povo, não concordamos de maneira
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alguma com o decreto proposto, nem aderimos ao mesmo em tudo
que seja contrário a Deus, à Sua santa Palavra, ao nosso direito de
consciência, à salvação de nossa alma.”
“Quê! Ratificarmos esse edito! Afirmaríamos que quando o
Deus todo-poderoso chama um homem ao Seu conhecimento, esse
homem, sem embargo, não possa receber o conhecimento de Deus?”
“Não há doutrina correta além da que se conforma com a Palavra
divina. ... O Senhor proíbe o ensino de qualquer outra doutrina.
... As Sagradas Escrituras devem ser explicadas por outros textos
mais claros; ...este santo Livro é, em todas as coisas necessárias
ao cristão, fácil de compreender e destinado a dissipar as trevas.
Estamos resolvidos, com a graça de Deus, a manter a pregação pura
e exclusiva de Sua santa Palavra, tal como se acha contida nos livros
bíblicos do Antigo e Novo Testamentos, sem lhe acrescentar coisa
alguma que lhe possa ser contrária. Esta Palavra é a única verdade; é
a regra segura para toda doutrina e de toda a vida, e nunca pode falhar
ou iludir-nos. Aquele que edifica sobre este fundamento resistirá a
todos os poderes do inferno, ao passo que todas as vaidades humanas
que se estabelecem contra ele cairão perante a face de Deus.”
“Por esta razão rejeitamos o jugo que nos é imposto.” “Ao mesmo
tempo estamos na expectativa de que Sua Majestade imperial proce-
derá em relação a nós como príncipe cristão que ama a Deus sobre
todas as coisas; e declaramo-nos prontos a tributar-lhe, bem como a
vós, graciosos fidalgos, toda a afeição e obediência que sejam nosso
dever justo e legítimo.” — D’Aubigné.
Esta representação impressionou profundamente a Dieta. A mai-
oria estava tomada de espanto e alarma ante a ousadia dos que
protestavam. O futuro parecia-lhes tempestuoso e incerto. Dissen-
são, contenda, derramamento de sangue pareciam inevitáveis. Os