Página 181 - O Grande Conflito

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Os príncipes amparam a verdade
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das doutrinas e preceitos bíblicos, e há necessidade de uma volta ao
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grande princípio protestante — a Bíblia, e a Bíblia só, como regra
de fé e prática. Satanás ainda está a trabalhar com todos os meios
de que pode dispor, a fim de destruir a liberdade religiosa. O poder
anticristão que os protestantes de Espira rejeitaram, está hoje com
renovado vigor procurando restabelecer sua perdida supremacia. A
mesma inseparável adesão à Palavra de Deus que se manifestou na
crise da Reforma, é a única esperança de reforma hoje.
Apareceram então sinais de perigo para os protestantes; houve
também sinais de que a mão divina estava estendida para proteger os
fiéis. Foi por esse tempo que “Melâncton apressadamente conduziu
pelas ruas de Espira, em direção ao Reno, seu amigo Simão Gryna-
eus, instando com ele a que atravessasse o rio. Grynaeus se achava
espantado com tal precipitação. ‘Um ancião, de fisionomia grave e
solene, mas que me era desconhecido’, disse Melâncton, ‘apareceu
perante mim e disse: Dentro de um minuto, oficiais de justiça serão
enviados por Fernando, a fim de prenderem Grynaeus.’”
Durante o dia Grynaeus ficara escandalizado com um sermão
de Faber, um dos principais doutores papais; e, no final, protestou
por defender aquele “certos erros detestáveis.” “Faber dissimulou
sua ira, mas imediatamente se dirigiu ao rei, de quem obteve uma
ordem contra o importuno professor de Heidelberg. Melâncton não
duvidou de que Deus havia salvo seu amigo, enviando um de Seus
santos anjos para avisá-lo.
“Imóvel à margem do Reno, esperou até que as águas daquele
rio houvessem libertado Grynaeus de seus perseguidores. ‘Final-
mente’, exclamou Melâncton, vendo-o do lado oposto, ‘finalmente
está ele arrancado das garras cruéis daqueles que têm sede de san-
gue inocente.’ Ao voltar para casa, foi Melâncton informado de que
oficiais, à procura de Grynaeus, a haviam remexido de alto a baixo.”
— D’Aubigné.
A reforma devia ser levada a maior preeminência perante as
autoridades da Terra. O rei Fernando havia-se negado a ouvir os
príncipes evangélicos; mas a estes deveria ser concedida oportu-
nidade de apresentar sua causa na presença do imperador e dos
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dignitários da Igreja e do Estado, em assembléia. A fim de acalmar
as dissensões que perturbavam o império, Carlos V, no ano que se
seguiu ao protesto de Espira, convocou uma Dieta em Augsburgo,