Página 182 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

178
O Grande Conflito
anunciando sua intenção de presidir a ela em pessoa. Para ali foram
convocados os dirigentes protestantes.
Grandes perigos ameaçavam a Reforma; mas seus defensores
ainda confiavam sua causa a Deus e se comprometiam a ser leais ao
evangelho. Os conselheiros do eleitor da Saxônia insistiram com ele
para que não comparecesse à Dieta. O imperador, diziam eles, exigia
a assistência dos príncipes a fim de atraí-los a uma cilada. “Não
é arriscar tudo, ir e encerrar-se alguém dentro dos muros de uma
cidade, com um poderoso inimigo?” Outros, porém, nobremente
declaravam: “Portem-se tão-somente os príncipes com coragem, e a
causa de Deus está salva.” “Deus é fiel; Ele não nos abandonará”,
disse Lutero. — D’Aubigné. O eleitor, juntamente com seu séquito,
partiu para Augsburgo. Todos estavam cientes dos perigos que o
ameaçavam, e muitos seguiram com semblante triste e coração per-
turbado. Mas Lutero, que os acompanhou até Coburgo, reviveu-lhes
a fé bruxuleante cantando o hino, escrito naquela viagem: “Castelo
forte é nosso Deus.” Ao som dos acordes inspirados, foram banidos
muitos aflitivos sinais e aliviados muitos corações sobrecarregados.
Os príncipes reformados resolveram redigir uma declaração sis-
tematizada de suas opiniões, com as provas das Escrituras, apresen-
tando-a à Dieta; e a tarefa da preparação da mesma foi confiada a
Lutero, Melâncton e seus companheiros. Esta Confissão foi aceita
pelos protestantes como uma exposição de sua fé, e reuniram-se para
assinar o importante documento. Foi um tempo solene e probante.
Os reformadores mostravam insistência em que sua causa não fosse
confundida com questões políticas; compreendiam que a Reforma
não deveria exercer outra influência além da que procede da Palavra
de Deus. Ao virem para a frente os príncipes cristãos a fim de assinar
[207]
a Confissão, Melâncton se interpôs, dizendo: “Compete aos teólogos
e ministros propor estas coisas; reservemos para outros assuntos a
autoridade dos poderosos da Terra.” “Deus não permita”, replicou
João da Saxônia, “que me excluais. Estou resolvido a fazer o que é
reto sem me perturbar acerca de minha coroa. Desejo confessar o
Senhor. Meu chapéu de eleitor e meus títulos de nobreza não são
para mim tão preciosos como a cruz de Jesus Cristo.” Tendo assim
falado assinou o nome. Disse outro dos príncipes, ao tomar a pena:
“Se a honra de meu Senhor Jesus Cristo o exige, estou pronto... para
deixar meus bens e vida.” “Renunciaria de preferência a meus súdi-