Página 183 - O Grande Conflito

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Os príncipes amparam a verdade
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tos e a meus domínios, deixaria de preferência o país de meus pais,
com o bordão na mão”, continuou ele, “a receber qualquer outra
doutrina que não a que se contém nesta Confissão.” — D’Aubigné.
Tal era a fé e a ousadia daqueles homens de Deus.
Chegou o tempo designado para comparecer perante o imperador.
Carlos V, sentado no trono, rodeado de seus eleitores e príncipes,
deu audiência aos reformadores protestantes. Foi lida a Confissão
de sua fé. Naquela augusta assembléia, as verdades do evangelho
foram claramente apresentadas, e indicados os erros da igreja papal.
Com razão foi aquele dia declarado “o maior dia da Reforma, e um
dos mais gloriosos na história do cristianismo e da humanidade.” —
D’Aubigné.
Entretanto, poucos anos se haviam passado desde que o monge
de Wittenberg estivera em Worms, sozinho, perante o conselho na-
cional. Agora, em seu lugar estavam os mais nobres e poderosos
príncipes do império. A Lutero fora proibido comparecer em Augs-
burgo, mais estivera presente por suas palavras e orações. “Estou
jubilosíssimo”, escreveu, “de que eu tenha vivido até esta hora, na
qual Cristo é publicamente exaltado por tão ilustres pessoas que O
confessam, em uma assembléia tão gloriosa.” — D’Aubigné. Assim,
cumpriu-se o que dizem as Escrituras: “Falarei dos Teus testemunhos
perante os reis.”
Salmo 119:46
.
[208]
Nos dias do apóstolo Paulo, o evangelho pelo qual estava preso
foi assim levado perante os príncipes e nobres da cidade imperial.
Igualmente, nesta ocasião, aquilo que o imperador proibira fosse
pregado do púlpito, era proclamado em palácio; aquilo que muitos
tinham considerado inconveniente que os próprios servos ouvissem,
era com admiração ouvido pelos senhores e fidalgos do império.
Reis e grandes homens constituíam o auditório; príncipes coroados
eram os pregadores; e o sermão era a régia verdade de Deus. “Desde
a era apostólica”, diz um escritor, “nunca houve obra maior nem
mais magnificente Confissão.” — D’Aubigné.
“Tudo quanto os luteranos disseram é verdade; não o podemos
negar”, declarou um bispo romano. “Podeis refutar por meio de
sãs razões a Confissão feita pelo eleitor e seus aliados?” perguntou
outro, ao Dr. Eck. “Com os escritos dos apóstolos e profetas, não!”
foi a resposta; “mas com os dos pais da igreja e dos concílios, sim!”
“Compreendo”, respondeu o inquiridor. “Os luteranos, segundo vós