Os príncipes amparam a verdade
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que, no momento, se encontra exposto ao gume da espada e à cólera
de Satanás, e ore.” — D’Aubigné.
Novamente, em data posterior, referindo-se à aliança sugerida
pelos príncipes reformados, Lutero declarou que a única arma em-
pregada nesta luta deveria ser “a espada do Espírito.” Escreveu ao
eleitor da Saxônia: “Não podemos perante nossa consciência apro-
var a aliança proposta. Morreríamos dez vezes de preferência a ver
nosso evangelho fazer derramar uma gota de sangue. Nossa parte é
sermos semelhantes a cordeiros no matadouro. Temos de tomar a
cruz de Cristo. Seja Vossa Alteza sem temor. Faremos mais com as
nossas orações do que todos os nossos inimigos com sua jactância.
Tão-somente não sejam vossas mãos manchadas com o sangue de
irmãos. Se o imperador exigir que sejamos entregues aos seus tribu-
nais, estamos prontos a comparecer. Não podeis defender a nossa fé:
cada um deve crer com seu próprio risco e perigo.” — D’Aubigné.
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Do local secreto da oração proveio o poder que abalou o mundo
na grande Reforma. Ali, com santa calma, os servos do Senhor
colocaram os pés sobre a rocha de Suas promessas. Durante a luta em
Augsburgo, Lutero “não passou um dia sem dedicar três horas pelo
menos à oração, e eram horas escolhidas dentre as mais favoráveis
ao estudo.” Na intimidade de sua recâmara era ele ouvido a derramar
sua alma perante Deus em palavras “cheias de adoração, temor e
esperança, como quando alguém fala a um amigo.” “Eu sei que
Tu és nosso Pai e nosso Deus”, dizia ele, “e que dispersarás os
perseguidores de Teus filhos; pois Tu mesmo corres perigo conosco.
Toda esta causa é Tua, e é unicamente constrangidos por Ti que
lançamos mãos à mesma. Defende-nos, pois, ó Pai!” — D’Aubigné.
A Melâncton, que se achava aniquilado sob o peso da ansiedade
e temor, ele escreveu: “Graça e paz em Cristo — em Cristo, digo eu,
e não no mundo. Amém. Odeio com ódio enorme esses extremos
cuidados que vos consomem. Se a causa é injusta, abandonai-a; se
a causa é justa, porque desmentiríamos as promessas dAquele que
nos manda dormir sem temor?... Cristo não faltará à obra de justiça
e verdade. Ele vive, Ele reina; que temor, pois, poderemos ter?” —
D’Aubigné.
Deus ouviu os clamores de Seus servos. Deu aos príncipes e
ministros graça e coragem para manterem a verdade contra os do-
minadores das trevas deste mundo. Diz o Senhor: “Eis que ponho