Página 187 - O Grande Conflito

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Capítulo 12 — Os nobres da França
O protesto de Espira e a Confissão de Augsburgo, que assina-
laram a vitória da Reforma na Alemanha, foram seguidos de anos
de conflitos e trevas. Enfraquecido por divisões entre seus mante-
nedores, atacado por poderosos inimigos, o protestantismo parecia
destinado a ser totalmente destruído. Milhares selaram seu teste-
munho com o próprio sangue. Irrompeu a guerra civil; a causa
protestante foi traída por um de seus principais adeptos; os mais
nobres dos príncipes reformados caíram nas mãos do imperador
e foram, de cidade em cidade, arrastados como cativos. Mas, no
momento de seu triunfo aparente, foi o imperador afligido com a
derrota. Viu a presa arrancada ao seu poder, sendo, por fim, obrigado
a conceder tolerância às doutrinas cuja destruição fora o anelo de
sua vida. Pusera em risco o reino, seus tesouros e a própria vida, no
intuito de esmagar a heresia. Via agora os exércitos assolados pelas
batalhas, os tesouros exauridos, seus muitos reinos ameaçados de
revolta, enquanto, por toda parte, a fé que em vão se esforçara por
suprimir, estava a estender-se. Carlos V estivera a batalhar contra o
Poder onipotente. Deus dissera: “Haja luz”, mas o imperador havia
procurado perpetuar as trevas. Falhara o seu propósito; e, prematu-
ramente envelhecido e consumido pela longa luta, abdicou o trono e
sepultou-se em um claustro.
Na Suíça, como na Alemanha, houve para a Reforma dias te-
nebrosos. Ao mesmo tempo em que muitos cantões aceitaram a fé
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reformada, outros se apegaram com cega persistência ao credo de
Roma. Sua perseguição aos que desejavam receber a verdade, deu
finalmente origem à guerra civil. Zwínglio, e muitos que a ele se
haviam unido na Reforma, caíram no campo de sangue de Cappel.
Oecolampadius, vencido por estes terríveis desastres, morreu logo
depois. Roma estava triunfante, e em muitos lugares parecia prestes
a recobrar tudo o que perdera. Mas Aquele cujos conselhos são
desde a eternidade, não abandonara Sua causa nem Seu povo. Sua
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