Página 20 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
Conquanto Lhe fosse recompensado o bem com o mal e o Seu
amor com o ódio (
Salmo 109:5
), Ele prosseguiu firmemente em Sua
missão de misericórdia. Jamais eram repelidos os que buscavam a
Sua graça. Como viajante sem lar, tendo a ignomínia e a penúria
como porção diária, viveu Ele para ministrar às necessidades e abran-
dar as desgraças humanas, para insistir com os homens a aceitarem
o dom da vida. As ondas de misericórdia, rebatidas por aqueles
corações obstinados, retornavam em uma vaga mais forte de terno e
inexprimível amor. Mas Israel se desviara de seu melhor Amigo e
único Auxiliador. Os rogos de Seu amor haviam sido desprezados,
Seus conselhos repelidos, ridicularizadas Suas advertências.
A hora de esperança e perdão passava-se rapidamente; a taça da
ira de Deus, por tanto tempo adiada, estava quase cheia. As nuvens
que haviam estado a acumular-se durante séculos de apostasia e
rebelião, ora enegrecidas de calamidades, estavam prestes a desabar
sobre um povo criminoso; e Aquele que unicamente os poderia salvar
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da condenação iminente, fora menosprezado, injuriado, rejeitado e
seria logo crucificado. Quando Cristo estivesse suspenso da cruz do
Calvário, teria terminado o tempo de Israel como nação favorecida
e abençoada por Deus. A perda de uma alma que seja é calamidade
infinitamente maior que os proveitos e tesouros de todo um mundo;
entretanto, quando Cristo olhava sobre Jerusalém, achava-se perante
Ele a condenação de uma cidade inteira, de toda uma nação — sim,
aquela cidade e nação que foram as escolhidas de Deus, Seu tesouro
peculiar.
Profetas haviam chorado a apostasia de Israel, e as terríveis
desolações que seus pecados atraíram. Jeremias desejava que seus
olhos fossem uma fonte de lágrimas, para que pudesse chorar dia e
noite pelos mortos da filha de seu povo, pelo rebanho do Senhor que
fora levado em cativeiro.
Jeremias 9:1
;
13:17
. Qual não era, pois,
a dor dAquele cujo olhar profético abrangia não os anos mas os
séculos! Contemplava Ele o anjo destruidor com a espada levantada
contra a cidade que durante tanto tempo fora a morada de Jeová. Do
cume do Monte das Oliveiras, no mesmo ponto mais tarde ocupado
por Tito e seu exército, olhava Ele através do vale para os pátios
e pórticos sagrados, e, com a vista obscurecida pelas lágrimas, via
em terrível perspectiva, os muros rodeados de hostes estrangeiras.
Ouvia o tropel de exércitos dispondo-se para a guerra. Distinguia as