Página 21 - O Grande Conflito

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Predito o destino do mundo
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vozes de mães e crianças que, na cidade sitiada, bradavam pedindo
pão. Via entregues às chamas o santo e belo templo, os palácios e
torres, e no lugar em que eles se erigiam, apenas um monte de ruínas
fumegantes.
Olhando através dos séculos futuros, via o povo do concerto
espalhado em todos os países, semelhantes aos destroços de um
naufrágio em praia deserta. Nos castigos prestes a cair sobre Seus
filhos, não via Ele senão o primeiro gole daquela taça de ira que
no juízo final deveriam esgotar até às fezes. A piedade divina, o
terno amor encontraram expressão nestas melancólicas palavras:
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te
são enviados! quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a
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galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”
Mateus 23:37
. Oh! se houveras conhecido, como nação favorecida
acima de todas as outras, o tempo de tua visitação e as coisas que
pertencem à tua paz! Tenho contido o anjo da justiça, tenho-te
convidado ao arrependimento, mas em vão. Não é meramente a
servos, enviados e profetas que tens repelido e rejeitado, mas ao
Santo de Israel, teu Redentor. Se és destruída, tu unicamente és a
responsável. “E não quereis vir a Mim para terdes vida.”
João 5:40
.
Cristo viu em Jerusalém um símbolo do mundo endurecido na
incredulidade e rebelião, e apressando-se ao encontro dos juízos
retribuidores de Deus. As desgraças de uma raça decaída, opri-
mindo-Lhe a alma, arrancavam de Seus lábios aquele clamor ex-
tremamente amargurado. Viu a história do pecado traçada pelas
misérias, lágrimas e sangue humanos; o coração moveu-se-Lhe de
infinita compaixão pelos aflitos e sofredores da Terra; angustiava-Se
por aliviar a todos. Contudo, mesmo a Sua mão não poderia demover
a onda das desgraças humanas; poucos procurariam a única fonte
de auxílio. Ele estava disposto a derramar a alma na morte, a fim de
colocar a salvação ao seu alcance; poucos, porém, viriam a Ele para
que pudessem ter vida.
A Majestade dos Céus em pranto! O Filho do infinito Deus
perturbado em espírito, curvado em angústia! Esta cena encheu de
espanto o Céu inteiro. Revela-nos a imensa malignidade do pecado;
mostra quão árdua tarefa é, mesmo para o poder infinito, salvar ao
culpado das conseqüências da transgressão da lei de Deus. Jesus,
olhando para a última geração, viu o mundo envolto em engano se-