200
O Grande Conflito
A Reforma apresentara ao mundo a Bíblia aberta, desvendando
os preceitos da lei de Deus e insistindo quanto aos seus requisitos
para com a consciência das pessoas. O amor infinito manifestara aos
homens os estatutos e princípios do Céu. Deus dissera: “Guardai-
os pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso
entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes
estatutos e dirão: Este grande povo só é gente sábia e entendida.”
Deuteronômio 4:6
. Quando a França rejeitou a dádiva do Céu, lançou
as sementes da anarquia e ruína e a inevitável operação de causa e
efeito resultou na Revolução e no Reinado do Terror.
[231]
Muito tempo antes da perseguição provocada pelos cartazes, o
ousado e ardoroso Farel fora obrigado a fugir da terra de seu nasci-
mento. Seguiu para a Suíça e, mediante seus labores, secundando
a obra de Zwínglio, auxiliou a fazer pender a balança a favor da
Reforma. Seus últimos anos deveriam ser ali despendidos; todavia
continuou a exercer decidida influência sobre a Reforma na França.
Durante os primeiros anos de exílio, seus esforços foram especial-
mente dirigidos no sentido de propagar o evangelho em seu país
natal. Empregou tempo considerável com a pregação entre seus
compatriotas próximo da fronteira, onde, com incansável vigilância,
observava o conflito e auxiliava com suas palavras de animação e
conselho. Com o auxílio de outros exilados, os escritos dos reforma-
dores alemães foram traduzidos para a língua francesa, juntamente
com a Bíblia em francês, impressos em grande quantidade. Por col-
portores foram estas obras extensamente vendidas na França. Eram
fornecidas aos colportores por um preço baixo, e assim os lucros do
trabalho os habilitavam a continuar.
Farel entrou para o seu trabalho na Suíça com as humildes vestes
de mestre-escola. Dirigindo-se a uma paróquia afastada, dedicou-se
à instrução das crianças. Além das matérias usuais de ensino, cau-
telosamente introduziu as verdades da Escritura, esperando atingir
os pais mediante as crianças. Alguns houve que creram, mas os
padres se apresentaram para deter o trabalho, e o supersticioso povo
do campo ergueu-se para se opor ao mesmo. “Este não pode ser o
evangelho de Cristo”, insistiam os padres, “sendo que a pregação
disto não traz paz, mas guerra.” — Wylie. Semelhante aos primeiros
discípulos, quando perseguido em uma cidade, fugia para outra. De
vila em vila, de cidade em cidade, ia ele, viajando a pé, suportando