Página 214 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
privar-se de seu arrimo. Decidiu-se logo, e pouco tempo depois se
matriculou na Universidade de Wittenberg.
Voltando à Dinamarca, de novo se dirigiu a seu mosteiro. Nin-
guém, por enquanto, o suspeitava de luteranismo; não revelou seu
segredo, mas sem despertar preconceitos dos companheiros, esfor-
çava-se por levá-los a uma fé mais pura e vida mais santa. Expôs-lhes
a Bíblia e explicou seu verdadeiro sentido, pregando-lhes finalmente
a Cristo como a justiça do pecador e sua única esperança de salvação.
Grande foi a ira do prior, que nele havia depositado extraordinárias
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esperanças como valoroso defensor de Roma. Foi logo removido de
seu mosteiro para outro, e confinado à cela sob estrita fiscalização.
Para o terror de seus novos guardiães, vários dos monges logo se
declararam conversos ao protestantismo. Através das barras da cela,
Tausen comunicara aos companheiros o conhecimento da verdade.
Fossem aqueles padres dinamarqueses peritos no plano da igreja de
como tratar a heresia, e a voz de Tausen jamais teria sido de novo
ouvida; mas, em vez de o confiar ao túmulo nalguma masmorra
subterrânea, expulsaram-no do mosteiro. Estavam, então, reduzidos
à impotência. Um edito real, apenas promulgado, oferecia proteção
aos ensinadores da nova doutrina. Tausen começou a pregar. As
igrejas lhe foram abertas, e o povo reunia-se em multidão para
ouvi-lo. Outros também estavam a pregar a Palavra de Deus. O
Novo Testamento, traduzido para a língua dinamarquesa, circulou
amplamente. Os esforços feitos pelos romanistas a fim de destruir
a obra, tiveram como resultado estendê-la e, não muito depois, a
Dinamarca declarava aceitar a fé reformada.
Na Suécia, também, jovens que haviam bebido da fonte de Wit-
tenberg, levaram a água da vida a seus patrícios. Dois dos dirigentes
da Reforma sueca, Olavo e Lourenço Petri, filhos de um ferreiro de
Orebro, estudaram com Lutero e Melâncton, e foram diligentes em
ensinar as verdades que assim aprenderam. Semelhante ao grande
reformador, Olavo despertava o povo pelo seu zelo e eloqüência,
enquanto Lourenço, à semelhança de Melâncton, era ilustrado, refle-
tido e calmo. Ambos eram homens de fervorosa piedade, profundos
conhecimentos teológicos e inflexível coragem para promover o
avançamento da verdade. A oposição romanista não faltava. Os pa-
dres católicos instigavam o povo ignorante e supersticioso. Olavo
Petri foi muitas vezes assaltado pela populaça, e em várias ocasiões