Página 215 - O Grande Conflito

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A liberdade nos Países Baixos
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mal pôde escapar com vida. Estes reformadores eram, entretanto,
favorecidos e protegidos pelo rei.
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Sob o domínio da Igreja de Roma, o povo estava submerso na
pobreza e atormentado pela opressão. Destituídos das Escrituras, e
tendo uma religião de meras formas e cerimônias, que não transmitia
luz ao espírito, estavam a voltar às crenças supersticiosas e práticas
pagãs de seus antepassados gentios. A nação achava-se dividida
em facções contendoras, cuja perpétua luta aumentava a miséria
de todos. Resolveu o rei fazer uma reforma no Estado e na igreja,
e recebeu com agrado aqueles hábeis auxiliares na batalha contra
Roma.
Na presença do monarca e dos principais homens da Suécia,
Olavo Petri, com grande habilidade, defendeu contra os campeões
romanos as doutrinas da fé reformada. Declarou que os ensinos
dos pais da igreja deviam ser recebidos apenas quando estivessem
de acordo com as Escrituras; que as doutrinas essenciais da fé são
apresentadas na Bíblia de maneira clara e simples, de modo que
todos os homens as possam compreender. Disse Cristo: “A Minha
doutrina não é Minha, mas dAquele que Me enviou” (
João 7:16
);
e Paulo declarou que se pregasse outro evangelho a não ser aquele
que recebera, seria anátema.
Gálatas 1:8
. Como, pois, disse o re-
formador, “pretenderão outros de acordo com sua vontade decretar
dogmas, impondo-os como coisa necessária à salvação?” — Wylie.
Demonstrou que os decretos da igreja não têm autoridade quando em
oposição aos mandamentos de Deus, e insistiu no grande princípio
protestante de que “a Bíblia e a Bíblia só” é a regra de fé e prática.
Esta contenda, posto que travada em cenário relativamente obs-
curo, serve para mostrar-nos “a qualidade de homens que formavam
a maior parte do exército dos reformadores. Longe de serem anal-
fabetos, sectaristas, controversistas ruidosos — eram homens que
haviam estudado a Palavra de Deus, e bem sabiam como manejar as
armas com que os supria o arsenal da Escritura. Com respeito à eru-
dição, antecipavam-se a seu tempo. Quando fixamos a atenção em
centros brilhantes como Wittenberg e Zurique, e em ilustres nomes
tais como os de Lutero e Melâncton, de Zwínglio e Oecolampadius,
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dir-se-nos-á talvez que foram esses os dirigentes do movimento,
e naturalmente deveríamos esperar neles prodigioso poder e vas-
tas aquisições; os subordinados, porém, não eram como eles. Mas,