Página 226 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
ingleses. Os alemães calmamente continuaram a cantar. Perguntei a
um deles, depois: ‘Não ficastes com medo?’ Ele respondeu: ‘Graças
a Deus, não!’ Perguntei: ‘Mas não ficaram com medo vossas mu-
lheres e crianças?’ Respondeu brandamente: ‘Não, nossas mulheres
e crianças não têm medo de morrer.’” — Vida de João Wesley, de
Whitehead, pág. 10.
Ao chegar a Savannah, Wesley demorou-se por um pouco de
tempo com os morávios, ficando profundamente impressionado com
a sua conduta cristã. Descrevendo um de seus cultos religiosos, que
oferecia grande contraste com o culto formalista da igreja da Ingla-
terra, disse: “A grande simplicidade, assim como a solenidade que
em tudo se notava, quase me fizeram esquecer os dezessete séculos
decorridos, e imaginar-me eu numa daquelas assembléias onde não
havia formas nem pompas, mas onde Paulo, o fabricante de tendas,
ou Pedro, o pescador, presidiam, e contudo havia demonstração do
Espírito e poder.” — Ibidem, págs. 11 e 12.
Ao voltar para a Inglaterra, Wesley, sob a instrução de um pre-
gador morávio, chegou a um entendimento mais claro da fé bíblica.
Ficou convencido de que deveria renunciar a toda confiança em suas
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próprias obras para a salvação, e que lhe cumpria confiar inteira-
mente no “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” Em uma
reunião da Sociedade Morávia de Londres, foi lida uma declaração
de Lutero, descrevendo a mudança que o Espírito de Deus opera no
coração do crente. Ao ouvi-la, acendeu-se a fé na alma de Wesley.
“Senti o coração aquecido de maneira estranha”, disse ele. “Senti
que confiava em Cristo, Cristo somente, para a salvação; e foi-me
concedida certeza de que Ele tirara meus pecados, sim, os meus, e
me salvara da lei do pecado e da morte.” — Vida de João Wesley, de
Whitehead, pág. 52.
Durante longos e sombrios anos de esforços exaustivos, anos de
rigorosa renúncia, acusações e humilhações, Wesley havia-se conser-
vado firme em seu único propósito de procurar a Deus. Encontrou-O,
por fim; e achou que a graça que labutara por alcançar pelas orações
e jejuns, obras de caridade e abnegação, era um dom, “sem dinheiro,
e sem preço”.
Uma vez estabelecido na fé cristã, ardia-lhe a alma do desejo
de espalhar por toda parte o conhecimento do glorioso evangelho
da livre graça de Deus. “Considero o mundo todo minha paróquia”,