Página 240 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

236
O Grande Conflito
oposição. Na perseguição que a França infligiu aos que professavam
o evangelho, crucificou a Cristo na pessoa de Seus discípulos.
Século após século o sangue dos santos fora derramado. En-
quanto os valdenses, “pela palavra de Deus e pelo testemunho de
Jesus Cristo”, depunham a vida nas montanhas do Piemonte, idên-
tico testemunho da verdade era dado por seus irmãos, os albigenses
da França. Nos dias da Reforma seus discípulos foram mortos com
horríveis torturas. Rei e nobres, senhoras de alto nascimento e deli-
cadas moças, o orgulho e a nobreza da nação, haviam recreado os
olhos com as agonias dos mártires de Jesus. Os bravos hugueno-
tes, batendo-se pelos direitos que o coração humano preza como os
mais sagrados, tinham derramado seu sangue em muitos campos de
rudes combates. Os protestantes eram tidos na conta de proscritos,
punha-se a preço a sua cabeça e eram perseguidos como animais
selvagens.
A “igreja no deserto”, os poucos descendentes dos antigos cris-
tãos que ainda penavam na França no século XVIII, ocultando-se
nas montanhas do sul, acariciavam ainda a fé de seus pais. Aven-
turando-se a reunir-se à noite ao lado das montanhas ou dos pan-
tanais solitários, eram caçados por cavalarianos e arrastados para
a escravidão nas galeras, por toda a vida. “Os mais puros, cultos
e inteligentes dos franceses, foram acorrentados, em horríveis tor-
turas, entre ladrões e assassinos.” — Wylie. Outros, tratados com
mais misericórdia, eram fuzilados a sangue frio, caindo, indefesos e
desamparados, de joelhos, em oração. Centenas de homens idosos,
[272]
indefesas mulheres e inocentes crianças eram deixados mortos so-
bre a terra em seu lugar de reunião. Atravessando-se a encosta das
montanhas ou a floresta, onde estavam acostumados a reunir-se, não
era raro encontrarem-se “a cada passo corpos mortos, pontilhando a
relva, e cadáveres a balançar suspensos das árvores.” Seu território,
devastado pela espada, pelo machado, pela fogueira, “converteu-se
em vasto e triste deserto.” “Estas atrocidades não eram ordenadas
... em qualquer época obscura, mas na era brilhante de Luís XIV.
Cultivavam-se então as ciências, as letras floresciam, os teólogos da
corte e da capital eram homens doutos e eloqüentes, aparentando
perfeitamente as graças da humildade e caridade.” — Wylie.
O mais negro, porém, do negro catálogo de crimes, a mais hor-
rível entre as ações diabólicas de todos os hediondos séculos, foi