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O Grande Conflito
esta liberdade é direito inalienável de todos, seja qual for o credo
professado. E era ele fervoroso inquiridor da verdade, sustentando,
juntamente com Robinson, ser impossível que toda a luz da Palavra
de Deus já houvesse sido recebida. Williams “foi a primeira pessoa
da cristandade moderna a estabelecer o governo civil sobre a doutrina
da liberdade de consciência, da igualdade de opiniões perante a lei.”
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Bancroft. Declarou ser o dever do magistrado restringir o crime, mas
nunca dominar a consciência. “O público ou os magistrados podem
decidir”, disse, “o que é devido de homem para homem; mas, quando
tentam prescrever os deveres do homem para com Deus, estão fora
de seu lugar, e não poderá haver segurança; pois é claro que, se o
magistrado tem esse poder, pode decretar um conjunto de opiniões
ou crenças hoje e outro amanhã, como tem sido feito na Inglaterra
por diferentes reis e rainhas, e por diferentes papas e concílios na
Igreja Romana, de maneira que semelhante crença degeneraria em
acervo de confusão.” — Martyn.
A assistência aos cultos da igreja oficial era exigida sob pena de
multa ou prisão. “Williams reprovou a lei; o pior regulamento do
Código inglês era o que tornava obrigatória a assistência à igreja
da paróquia. Obrigar os homens a unirem-se aos de credo diferente,
considerava ele como flagrante violação de seus direitos naturais;
arrastar ao culto público os irreligiosos e os que não queriam, apenas
se assemelhava a exigir a hipocrisia. ... ‘Ninguém deveria ser obri-
gado a fazer culto’, acrescentava ele, ‘ou custear um culto, contra a
sua vontade.’ ‘Pois quê?’ exclamavam seus antagonistas, aterrados
com os seus dogmas, ‘não é o obreiro digno de seu salário?’ ‘Sim’,
replicou ele, ‘dos que o assalariam.’” — Bancroft.
Roger Williams era respeitado e amado como ministro fiel e
homem de raros dons, de inflexível integridade e verdadeira benevo-
lência; contudo, sua inabalável negação do direito dos magistrados
civis à autoridade sobre a igreja, e sua petição de liberdade religiosa,
não podiam ser toleradas. A aplicação desta nova doutrina, dizia-se
insistentemente, “subverteria o fundamento do Estado e do governo
do país.” — Bancroft. Foi sentenciado a ser banido das colônias,
e finalmente, para evitar a prisão, obrigado a fugir para a floresta
virgem, debaixo do frio e das tempestades do inverno.
“Durante catorze semanas”, diz ele, “fui dolorosamente torturado
pelas inclemências do tempo, sem saber o que era pão ou cama. Mas