O mais sagrado direito do homem
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os corvos me alimentaram no deserto.” E uma árvore oca muitas
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vezes lhe serviu de abrigo. — Martyn. Assim continuou a penosa
fuga através da neve e das florestas, até que encontrou refúgio numa
tribo indígena, cuja confiança e afeição conquistara enquanto se
esforçava por lhes ensinar as verdades do evangelho.
Tomando finalmente, depois de meses de sofrimentos e vague-
ações, rumo às praias da Baía de Narragansett, lançou ali os fun-
damentos do primeiro Estado dos tempos modernos que, no mais
amplo sentido, reconheceu o direito da liberdade religiosa.
O princípio fundamental da colônia de Roger Williams era “que
todo homem teria liberdade para adorar a Deus segundo os ditames
de sua própria consciência.” — Martyn. Seu pequeno Estado —
Rhode Island — tornou-se o refúgio dos oprimidos, e cresceu e pros-
perou até que seus princípios básicos — a liberdade civil e religiosa
— se tornaram as pedras angulares da República Americana.
No grandioso e antigo documento que aqueles homens estabele-
ceram como a carta de seus direitos — a Declaração de Independên-
cia — afirmavam: “Consideramos como verdade evidente que todas
as pessoas foram criadas iguais; que foram dotadas por seu Criador
de certos direitos inalienáveis, encontrando-se entre estes a vida,
a liberdade e a busca da felicidade.” E a Constituição garante, nos
termos mais explícitos, a inviolabilidade da consciência: “Nenhum
requisito religioso jamais se exigirá como qualificação para qualquer
cargo de confiança pública nos Estados Unidos.” “O Congresso não
fará nenhuma lei que estabeleça uma religião ou proíba seu livre
exercício.”
“Os elaboradores da Constituição reconheceram o eterno prin-
cípio de que a relação do homem para com o seu Deus está acima
de legislação humana, e de que seus direitos de consciência são
inalienáveis. Não foi necessário o raciocínio para estabelecer esta
verdade; temos consciência dela em nosso próprio íntimo. É essa
consciência que, em desafio às leis humanas, tem sustentado tantos
mártires nas torturas e nas chamas. Sentiam que seu dever para com
Deus era superior às ordenanças humanas, e que nenhum homem
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poderia exercer autoridade sobre sua consciência. É um princípio
inato que nada pode desarraigar.” — Documentos do Congresso
(Estados Unidos da América do Norte).