Uma profecia muito significativa
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“Vi que a Escritura Sagrada apresentava precisamente um Salva-
dor como o que necessitava; e fiquei perplexo por ver como um livro
não inspirado desenvolvia princípios tão perfeitamente adaptados
às necessidades de um mundo decaído. Fui constrangido a admitir
que as Escrituras devem ser uma revelação de Deus. Tornaram-se
elas o meu deleite; e em Jesus encontrei um amigo. O Salvador tor-
nou-Se para mim o primeiro entre dez mil; e as Escrituras, que antes
eram obscuras e contraditórias, tornaram-se agora a lâmpada para
os meus pés e luz para meu caminho. Meu espírito tranqüilizou-se e
ficou satisfeito. Achei que o Senhor Deus é uma Rocha em meio do
oceano da vida. A Bíblia tornou-se então o meu estudo principal e,
posso em verdade dizer, pesquisava-a com grande deleite. Vi que a
metade nunca se me havia dito. Admirava-me de que me não tivesse
apercebido antes, de sua beleza e glória; e maravilhava-me de que
já a pudesse haver rejeitado. Tudo que o coração poderia desejar,
encontrei revelado, como um remédio para toda enfermidade da
alma. Perdi todo o gosto para outra leitura, e apliquei o coração a
obter a sabedoria de Deus.” — Memórias de Guilherme Miller, S.
Bliss.
Miller professou publicamente sua fé na religião que antes des-
prezara. Seus companheiros incrédulos, entretanto, não tardaram em
produzir todos os argumentos com que ele próprio insistira contra a
autoridade divina das Escrituras. Não estava então preparado para
responder a eles, mas raciocinava que, se a Bíblia é a revelação de
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Deus, deve ser coerente consigo mesma; e que, como foi dada para
a instrução do homem, deve adaptar-se à sua compreensão. Decidiu-
se a estudar as Escrituras por si mesmo, e verificar se as aparentes
contradições não se poderiam harmonizar.
Esforçando-se por deixar de lado todas as opiniões preconcebi-
das, dispensando comentários, comparou passagem com passagem,
com o auxílio das referências à margem e da concordância. Prosse-
guiu no estudo de modo sistemático e metódico; começando com
Gênesis, e lendo versículo por versículo, não ia mais depressa do
que se lhe desvendava o sentido das várias passagens, de modo a
deixá-lo livre de toda dificuldade. Quando encontrava algum ponto
obscuro, tinha por costume compará-lo com todos os outros textos
que pareciam ter qualquer referência ao assunto em consideração.
Permitia que cada palavra tivesse a relação própria com o assunto