Página 297 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

Uma profecia muito significativa
293
de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que
a integridade de caráter e a excelência moral fossem apreciadas.
Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao
poder do domínio próprio, era atento e afável para com todos, pronto
para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem
paixão ou excitação, aferia todas as teorias e doutrinas pela Palavra
de Deus; e seu raciocínio sadio e o profundo conhecimento das
Escrituras habilitavam-no a refutar o erro e desmascarar a falsidade.
Todavia, não prosseguiu ele o seu trabalho sem tenaz oposição.
Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que
apresentava não eram recebidas favoravelmente pelos ensinadores
populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escri-
turas, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens,
às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus, porém, era o
único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento.
[336]
“A Bíblia, e a Bíblia só”, era a sua senha. A falta de argumentos
das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na eles pelo
ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para
difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de
seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a
prepararem-se para o Seu aparecimento.
Diligentes esforços se faziam para que o espírito do povo fosse
desviado do assunto referente ao segundo advento. Procurava-se dar
a impressão de que estudar as profecias que se referem à vinda de
Cristo e ao fim do mundo, fosse pecado, algo de que os homens
deveriam envergonhar-se. Assim, o ministério popular minava a
fé na Palavra de Deus. Seu ensino tornava os homens incrédulos,
e muitos tomaram a liberdade de andar conforme seus próprios
desejos ímpios. Então os autores desse mal atribuíram-no todo aos
adventistas.
Se bem que Miller conseguisse ter casas repletas de ouvintes
inteligentes e atentos, seu nome era raras vezes mencionado pela
imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os des-
cuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores
religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfe-
mas, em seu esforço de amontoar o ultraje sobre ele e sua obra. O
homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar
a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando