Página 437 - O Grande Conflito

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Por que existe o sofrimento
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aconselhara, foi pervertido de maneira a servir a seus desígnios
traidores. Àqueles, cuja afetuosa confiança mais intimamente os
ligava a ele, Satanás simulou haver sido julgado mal, que sua posição
não fora respeitada, e que se queria cercear-lhe a liberdade. Da
falsa interpretação das palavras de Cristo, passou à prevaricação e à
falsidade direta, acusando o Filho de Deus de intentar humilhá-lo
perante os habitantes do Céu. Procurou também criar uma falsa
situação entre ele próprio e os anjos fiéis. A todos quantos não
pôde subverter e levar completamente para seu lado, acusou-os de
indiferença aos interesses dos seres celestiais. A mesma obra que
ele próprio estava a fazer, atribuiu-a aos que permaneciam fiéis a
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Deus. E com o fim de sustentar sua acusação de injustiça por parte
de Deus para com ele, recorreu à falsa interpretação das palavras
e atos do Criador. Era sua tática tornar perplexos os anjos pelos
capciosos argumentos relativos aos propósitos divinos. Tudo que era
simples ele envolvia em mistério, e mediante artificiosa perversão
lançava dúvida às mais compreensíveis declarações de Jeová. Seu
elevado cargo, em tão íntimo contato com a administração divina,
emprestava maior força às suas alegações, e muitos eram induzidos
a unir-se-lhe em rebelião contra a autoridade do Céu.
Deus, em Sua sabedoria, permitiu que Satanás levasse avante sua
obra, até que o espírito de dissabor amadurecesse em ativa revolta.
Era necessário que seus planos se desenvolvessem completamente,
para que sua verdadeira natureza e tendência pudessem ser vistas
por todos. Como querubim ungido, Lúcifer fora altamente exaltado;
grandemente amado pelos seres celestiais, era forte sua influência
sobre eles. O governo de Deus incluía não somente os habitantes do
Céu, mas de todos os mundos que Ele havia criado; e Satanás pensou
que se ele pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia
também levar os outros mundos. Ardilosamente apresentara o lado
da questão que lhe dizia respeito, empregando sofismas e fraude a fim
de atingir seus objetivos. Seu poder para enganar era muito grande; e,
disfarçando-se sob o manto da falsidade, obtivera vantagem. Mesmo
os anjos fiéis não lhe podiam discernir perfeitamente o caráter, ou
ver para onde levava a sua obra.
Satanás fora altamente honrado, sendo todos os seus atos de tal
maneira revestidos de mistério, que difícil era desvendar aos anjos a
verdadeira natureza de sua obra. Antes que se desenvolvesse comple-