Página 452 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
a Seus filhos promessas de graça e proteção, é porque há poderosas
instrumentalidades do mal a serem enfrentadas — agentes numero-
sos, decididos e incansáveis, de cuja malignidade e poder ninguém
pode sem perigo achar-se em ignorância ou inadvertência.
Os espíritos maus, criados a princípio sem pecado, eram iguais,
em sua natureza, poder e glória, aos seres santos que ora são os men-
sageiros de Deus. Mas, caídos pelo pecado, acham-se coligados para
a desonra de Deus e destruição dos homens. Unidos com Satanás
em sua rebelião, e com ele expulsos do Céu, têm, através de todas
as eras que se sucederam, cooperado com ele em sua luta contra a
autoridade divina. Somos informados, nas Escrituras, acerca de sua
união e governo, suas várias ordens, inteligência e astúcia, e de seus
maus intuitos contra a paz e felicidade dos homens.
A história do Antigo Testamento apresenta referências ocasionais
à sua existência e operação; foi, porém, durante o tempo em que
Cristo esteve sobre a Terra, que da mais notável maneira os espíritos
maus manifestaram seu poder. Cristo viera para executar o plano
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ideado para a redenção do homem, e Satanás decidiu-se a fazer
valer o seu direito de governar o mundo. Fora bem-sucedido ao
estabelecer a idolatria em toda parte do globo, exceto na terra da
Palestina. À única terra que não havia cedido completamente ao
domínio do tentador, viera Cristo para derramar sobre o povo a luz
do Céu. Ali, dois poderes rivais pretendiam a supremacia. Jesus
estendia Seus braços de amor, em convite a todos os que quisessem
nEle encontrar perdão e paz. As hostes das trevas viram que não
possuíam domínio ilimitado, e compreenderam que, se a missão de
Cristo fosse bem-sucedida, seu governo estaria prestes a terminar.
Satanás enfurecia-se como um leão acorrentado e, em desafio, exibia
seu poder tanto sobre o corpo como sobre a alma dos homens.
Que os homens tenham sido possuídos de demônios está cla-
ramente referido no Novo Testamento. As pessoas desta maneira
afligidas não sofriam meramente de moléstias provenientes de cau-
sas naturais. Cristo tinha perfeito conhecimento daquilo com que
estava a tratar, e reconheceu a presença direta e a operação dos
espíritos maus.
Notável exemplo do número deles, de seu poder e malignidade,
e também do poder e misericórdia de Cristo, é dado no relato bíblico
da cura dos endemoninhados de Gadara. Aqueles infelizes lunáticos,