Página 453 - O Grande Conflito

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Invisíveis defensores do homem
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zombando de toda restrição, agitando-se, espumando, encolerizando-
se, estavam a encher os ares de seus gritos, fazendo violência a si
próprios, e pondo em perigo todos os que deles se aproximassem.
Seu desfigurado corpo a sangrar, a mente transtornada, apresentavam
um espetáculo que comprazia ao príncipe das trevas. Um dos demô-
nios, que dirigia os padecentes, declarou: “Legião é o meu nome,
porque somos muitos.”
Marcos 5:9
. No exército romano, a legião
compunha-se de três a cinco mil homens. As hostes de Satanás são
também arregimentadas em companhias, e a simples companhia a
que pertenciam esses demônios contava não menos que uma legião.
Ao mando de Jesus os anjos maus afastaram-se de suas vítimas,
deixando-as calmamente sentadas aos pés do Salvador, submissas,
inteligentes e dóceis. Mas aos demônios foi permitido varrer para o
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mar um rebanho de porcos; e para os habitantes de Gadara a perda
disto sobrepujou as bênçãos que Cristo conferira, e pediram eles ao
Médico divino que Se retirasse. Este o resultado que Satanás inten-
tava obter. Lançando sobre Jesus a culpa de seu prejuízo, suscitou
os temores egoístas do povo, impedindo-o de escutar Suas palavras.
Satanás acusa constantemente os cristãos como causa de prejuízo,
desgraça e sofrimento, em vez de consentir que a censura recaia
onde compete: sobre si mesmo e seus anjos.
Os propósitos de Cristo não foram, porém, subvertidos. Permitiu
que os espíritos maus destruíssem a manada de porcos, como repro-
vação àqueles judeus que, por amor do ganho, estavam a criar tais
animais imundos. Não houvesse Cristo restringido os demônios, e
teriam arrastado para o mar não somente os porcos, mas também
seus guardadores e possuidores. A preservação dos que os guarda-
vam bem como dos seus donos, foi unicamente devida a Seu poder,
misericordiosamente exercido para o livramento deles. Demais, foi
permitido que esse acontecimento ocorresse a fim de que os discí-
pulos pudessem testemunhar o poder cruel de Satanás, tanto sobre
o homem como sobre os animais. O Salvador desejava que Seus
seguidores conhecessem o adversário que tinham de enfrentar, para
que não fossem enganados e vencidos por seus ardis. Era também
Sua vontade que o povo daquela região contemplasse Seu poder de
quebrar o cativeiro de Satanás e libertar seus cativos. E, ainda que o
próprio Jesus Se retirasse, os homens tão maravilhosamente libertos
ficaram para declarar a misericórdia de seu Benfeitor.