Página 47 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

Como começaram as trevas morais
43
Palavra que mesmo o Salvador do mundo resistiu a seus ataques.
Em cada assalto Cristo apresentou o escudo da verdade eterna,
dizendo: “Está escrito.” A cada sugestão do adversário, opunha
a sabedoria e poder da Palavra. A fim de Satanás manter o seu
domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, deveria
conservá-los na ignorância das Escrituras. A Bíblia exaltaria a Deus
e colocaria o homem finito em sua verdadeira posição; portanto,
suas sagradas verdades deveriam ser ocultadas e suprimidas. Esta
lógica foi adotada pela Igreja de Roma. Durante séculos a circulação
da Escritura foi proibida. Ao povo era vedado lê-la ou tê-la em casa,
e sacerdotes e prelados sem escrúpulos interpretavam-lhe os ensinos
de modo a favorecerem suas pretensões. Assim o chefe da igreja
veio a ser quase universalmente reconhecido como o vigário de Deus
na Terra, dotado de autoridade sobre a igreja e o Estado.
Suprimido o revelador do erro, agiu Satanás à vontade. A pro-
fecia declarara que o papado havia de cuidar “em mudar os tempos
e a lei.”
Daniel 7:25
. Para cumprir esta obra não foi vagaroso. A
[52]
fim de proporcionar aos conversos do paganismo uma substituição à
adoração de ídolos, e promover assim sua aceitação nominal do cris-
tianismo, foi gradualmente introduzida no culto cristão a adoração
das imagens e relíquias. O decreto de um concílio geral estabeleceu,
por fim, este sistema de idolatria. Para completar a obra sacrílega,
Roma pretendeu eliminar da lei de Deus, o segundo mandamento,
que proíbe o culto das imagens, e dividir o décimo mandamento a
fim de conservar o número deles.
Este espírito de concessão ao paganismo abriu caminho para
desrespeito ainda maior da autoridade do Céu. Satanás, operando por
meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se também
com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo sábado, o dia
que Deus tinha abençoado e santificado (
Gênesis 2:2, 3
), exaltando
em seu lugar a festa observada pelos pagãos como “o venerável dia
do Sol.” Esta mudança não foi a princípio tentada abertamente. Nos
primeiros séculos o verdadeiro sábado foi guardado por todos os
cristãos. Eram estes ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei
é imutável, zelosamente preservavam a santidade de seus preceitos.
Mas com grande argúcia, Satanás operava mediante seus agentes
para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser
chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra