Página 480 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
sal de louvor, imperturbada por qualquer nota de discórdia. Toda
criatura no Céu e na Terra atribuía glória a Deus.
Apocalipse 5:13
.
Não haverá então almas perdidas para blasfemarem de Deus, con-
torcendo-se em tormento interminável; tampouco seres desditosos
no inferno unirão seus gritos aos cânticos dos salvos.
Sobre o erro fundamental da imortalidade inerente, repousa a
doutrina da consciência na morte, doutrina que, semelhantemente à
do tormento eterno, se opõe aos ensinos das Escrituras, aos ditames
da razão, e a nossos sentimentos de humanidade. Segundo a crença
popular, os remidos no Céu estão a par de tudo que ocorre na Terra,
e especialmente da vida dos amigos que deixaram após si. Mas
como poderia ser fonte de felicidade para os mortos o saberem das
dificuldades dos vivos, testemunhar os pecados cometidos por seus
próprios amados, e vê-los suportar todas as tristezas, desapontamen-
tos e angústias da vida? Quanto da bem-aventurança celeste seria
fruída pelos que estivessem contemplando seus amigos na Terra?
E quão revoltante não é a crença de que, logo que o fôlego deixa
o corpo, a alma do impenitente é entregue às chamas do inferno!
Em quão profundas angústias deverão mergulhar os que vêem seus
amigos passarem à sepultura sem se acharem preparados, para entrar
numa eternidade de miséria e pecado! Muitos têm sido arrastados à
insanidade por este inquietante pensamento.
Que dizem as Escrituras com relação a estas coisas? Davi declara
que o homem não se acha consciente na morte. “Sai-lhes o espírito,
e eles tornam-se em sua terra; naquele mesmo dia perecem os seus
pensamentos.”
Salmo 146:4
. Salomão dá o mesmo testemunho: “Os
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vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa
nenhuma.” “O seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram, e já
não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz
debaixo do Sol.” “Na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem
indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.”
Eclesiastes 9:5, 6,
10
.
Quando, em resposta à sua oração, a vida de Ezequias foi pro-
longada quinze anos, o rei, agradecido, rendeu a Deus um tributo de
louvor por Sua grande misericórdia. Nesse cântico ele dá a razão por
assim se regozijar: “Não pode louvar-Te a sepultura, nem a morte
glorificar-Te; nem esperarão em Tua verdade os que descem à cova.
Os vivos, os vivos, esses Te louvarão, como eu hoje faço.”
Isaías