Página 486 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
Ele tem poder para fazer surgir perante os homens a aparência de
seus amigos falecidos. A contrafação é perfeita; a expressão familiar,
as palavras, o tom da voz, são reproduzidos com maravilhosa exati-
dão. Muitos são consolados com a afirmativa de que seus queridos
estão gozando a ventura celestial; e, sem suspeita de perigo, dão
ouvidos a “espíritos enganadores, e doutrinas de demônios”.
Induzindo-os Satanás a crer que os mortos efetivamente voltam
para comunicar-se com eles, faz o maligno com que apareçam os
que baixaram ao túmulo sem estarem preparados. Pretendem estar
felizes no Céu, e mesmo ocupar ali elevadas posições; e assim é
largamente ensinado o erro de que nenhuma diferença se faz entre
justos e ímpios. Os pretensos visitantes do mundo dos espíritos
algumas vezes proferem avisos e advertências que se demonstram
corretos. Então, estando ganha a confiança, apresentam doutrinas
que solapam diretamente a fé nas Escrituras. Com a aparência de
profundo interesse no bem-estar de seus amigos na Terra, insinuam
os mais perigosos erros. O fato de declararem algumas verdades
e poderem por vezes predizer acontecimentos futuros, dá às suas
declarações uma aparência de crédito; e seus falsos ensinos são tão
de pronto aceitos pelas multidões, e tão implicitamente cridos, como
se fossem as mais sagradas verdades da Bíblia. A lei de Deus é posta
de parte, desprezado o Espírito da graça, o sangue do concerto tido
em conta de coisa profana. Os espíritos negam a divindade de Cristo,
colocando o próprio Criador no mesmo nível em que estão. Assim,
sob novo disfarce, o grande rebelde ainda prossegue com sua luta
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contra Deus — luta iniciada no Céu, e durante quase seis mil anos
continuada na Terra.
Muitos se esforçam por explicar as manifestações espíritas, atri-
buindo-as inteiramente a fraudes e prestidigitação por parte do mé-
dium. Mas, conquanto seja verdade que os resultados da trapaça
tenham muitas vezes sido apresentados como manifestações genuí-
nas, tem havido também assinaladas exibições de poder sobrenatural.
As pancadas misteriosas com que o espiritismo moderno se iniciou,
não foram resultado de trapaça ou artifício humano, mas obra direta
dos anjos maus, que assim introduziam um engano dos mais eficazes
para a destruição das almas. Muitos serão enredados pela crença de
que o espiritismo seja meramente impostura humana; quando postos
em face de manifestações que não podem senão considerar como