Página 495 - O Grande Conflito

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Capítulo 35 — Ameaça à consciência
O romanismo é hoje olhado pelos protestantes com muito maior
favor do que anos atrás. Nos países em que o catolicismo não está
na ascendência, e os romanistas adotam uma política conciliató-
ria a fim de a conseguir, há crescente indiferença com relação às
doutrinas que separam as igrejas reformadas da hierarquia papal;
ganha terreno a opinião de que, em última análise, não diferimos tão
grandemente em pontos vitais como se supunha, e de que pequenas
concessões de nossa parte nos levarão a melhor entendimento com
Roma. Houve tempo em que os protestantes davam alto valor à
liberdade de consciência a tão elevado preço comprada. Ensinavam
os filhos a aborrecer o papado, e sustentavam que buscar harmonia
com Roma seria deslealdade para com Deus. Mas quão diferentes
são os sentimentos hoje expressos!
Os defensores do papado afirmaram que a igreja foi caluniada;
e o mundo protestante inclina-se a aceitar esta declaração. Muitos
insistem em que é injusto julgar a igreja de hoje pelas abominações
e absurdos que assinalaram seu domínio durante os séculos de ig-
norância e trevas. Desculpam sua horrível crueldade como sendo
o resultado da barbárie dos tempos, e alegam que a influência da
civilização moderna lhe mudou os sentimentos.
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Olvidaram estas pessoas a pretensão de infalibilidade sustentada
há oitocentos anos por esse altivo poder? Longe de ser abandonada,
firmou-se esta pretensão no século XIX de modo mais positivo que
nunca dantes. Visto como Roma afirma que a igreja “nunca errou
nem, segundo as Escrituras, errará jamais” (História Eclesiástica
de Mosheim), como poderá ela renunciar aos princípios que lhe
nortearam a conduta nas eras passadas?
A igreja papal nunca abandonará a sua pretensão à infalibilidade.
Tudo que tem feito em perseguição dos que lhe rejeitam os dogmas,
considera ela estar direito; e não repetiria os mesmos atos se a
oportunidade se lhe apresentasse? Removam-se as restrições ora
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