Página 50 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha.
Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento
e obscuridade. Assim diz o profeta: “A mulher fugiu para o deserto,
onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada
durante mil e duzentos e sessenta dias.”
Apocalipse 12:6
.
O acesso da Igreja de Roma ao poder assinalou o início da es-
cura Idade Média. Aumentando o seu poderio, mais se adensavam
as trevas. De Cristo, o verdadeiro fundamento, transferiu-se a fé
para o papa de Roma. Em vez de confiar no Filho de Deus para o
perdão dos pecados e para a salvação eterna, o povo olhava para o
papa e para os sacerdotes e prelados a quem delegava autoridade.
Ensinava-se-lhe ser o papa seu mediador terrestre, e que ninguém
poderia aproximar-se de Deus senão por seu intermédio; e mais
ainda, que ele ficava para eles em lugar de Deus e deveria, portanto,
ser implicitamente obedecido. Esquivar-se de suas disposições era
motivo suficiente para se infligir a mais severa punição ao corpo
e alma dos delinqüentes. Assim, a mente do povo desviava-se de
Deus para homens falíveis e cruéis, e mais ainda, para o próprio
príncipe das trevas que por meio deles exercia o seu poder. O pecado
se disfarçava sob o manto de santidade. Quando as Escrituras são
suprimidas e o homem vem a considerar-se supremo, só podemos es-
perar fraudes, engano e aviltante iniqüidade. Com a elevação das leis
e tradições humanas, tornou-se manifesta a corrupção que sempre
resulta de se pôr de lado a lei de Deus.
Dias de perigo foram aqueles para a igreja de Cristo. Os fiéis
porta-estandartes eram na verdade poucos. Posto que a verdade não
fosse deixada sem testemunhas, parecia, por vezes, que o erro e a
superstição prevaleceriam completamente, e a verdadeira religião
seria banida da Terra. Perdeu-se de vista o evangelho, mas multi-
plicaram-se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de
severas exigências.
Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu
mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do
pecado. Longas peregrinações, atos de penitência, adoração de relí-
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quias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento
de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram
ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como