Página 502 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
os princípios formulados pelo papado em épocas passadas, existem
ainda hoje. As doutrinas inventadas nas tenebrosas eras ainda são
mantidas. Ninguém se deve iludir. O papado que os protestantes hoje
se acham tão prontos para honrar é o mesmo que governou o mundo
nos dias da Reforma, quando homens de Deus se levantavam, com
perigo de vida, a fim de denunciar sua iniqüidade. Possui o mesmo
orgulho e arrogante presunção que dele fizeram senhor sobre reis e
príncipes, e reclamaram as prerrogativas de Deus. Seu espírito não é
menos cruel e despótico hoje do que quando arruinou a liberdade
humana e matou os santos do Altíssimo.
O papado é exatamente o que a profecia declarou que havia
de ser: a apostasia dos últimos tempos.
2 Tessalonicenses 2:3, 4
.
Faz parte de sua política assumir o caráter que melhor cumpra o
seu propósito; mas sob a aparência variável do camaleão, oculta
o invariável veneno da serpente. “Não se deve manter a palavra
empenhada aos hereges, nem com pessoas suspeitas de heresias”,
declara Roma. — História do Concílio de Constança, de Lenfant.
Deverá esta potência, cujo registro milenar se acha escrito com o
sangue dos santos, ser hoje reconhecida como parte da igreja de
Cristo?
Não é sem motivo que se tem feito nos países protestantes a
alegação de que o catolicismo difere hoje menos do protestantismo
do que nos tempos passados. Houve uma mudança; mas esta não
se verificou no papado. O catolicismo na verdade em muito se
assemelha ao protestantismo que hoje existe; pois o protestantismo
moderno muito se distancia daquele dos dias da Reforma.
Tendo estado as igrejas protestantes à procura do favor do mundo,
a falsa caridade lhes cegou os olhos. Não vêem senão que é direito
julgar bem de todo o mal; e, como resultado inevitável, julgarão
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finalmente mal de todo o bem. Em vez de permanecerem em defesa
da fé que uma vez foi entregue aos santos, estão hoje, por assim
dizer, justificando Roma, por motivo de sua opinião inclemente para
com ela, e rogando perdão pelo seu fanatismo.
Uma numerosa classe, mesmo dentre os que consideram o roma-
nismo sem favor, pouco perigo percebe em seu poderio e influência.
Muitos insistem em que as trevas intelectuais e morais que preva-
leceram durante a Idade Média favoreceram a propagação de seus
dogmas, superstições e opressão, e que a inteligência maior dos tem-